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Morre neurocientista Iván Izquierdo, que formou gerações de pesquisadores brasileiros para o mundo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O neurocientista Iván Izquierdo morreu na manhã desta terça-feira (9) em sua casa, em Porto Alegre. A informação foi confirmada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), instituição à qual estava ligado desde 2004, onde participou da criação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer). A causa da morte não foi divulgada.

Izquierdo nasceu em Buenos Aires e mudou-se para o Brasil em 1973. Desde 1977, morava em Porto Alegre com a família. Em 1981, foi naturalizado brasileiro.

Durante sua carreira, o neurocientista se dedicou ao estudo dos mescanismos da memória –como adquirimos e perdemos lembranças e recordações– e se tornou um dos principais pesquisadores internacionais dessa área.

Entre seus principais achados está a demonstração da existência das memórias de longa e curta duração, que se formam ao mesmo tempo, mas por mecanismos diferentes.

“Somos indivíduos porque temos memória. Somos exatamente aquilo que lembramos. Cada um de nós tem um certo acervo de memória que é peculiarmente nosso, que não compartilhamos com ninguém. Tudo isso me pareceu suficientemente interessante para eu me dedicar a esse tema para o resto da vida”, afirmou o cientista em uma entrevista à Revista Pesquisa Fapesp em 2004.

Em seus cerca de 60 anos de pesquisa e ensino, Izquierdo chegou a publicar mais de 700 artígos científicos e recebeu mais de 60 prêmios nacionais e internacionais pelo seu trabalho.

O cientista foi também professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) antes de atuar na PUCRS, membro da Academia Brasileira de Ciências e da National Academy of Sciences, dos Estados Unidos. Foi o responsável pela formação de gerações de neurocientistas que hoje trabalham em institutições de ensino e pesquisa de diversas partes do mundo.

Izquierdo se dedicou à divulgação científica, com a publicação de livros que traziam conceitos que estudava no laboratório de maneira acessível para o público leigo. Exemplo disso é “A Arte de Esquecer”, livro publicado originalmente em 2004 que ganhou tradução para o inglês mais tarde.

“Esta é uma perda inestimável para a neurociência Brasileira. Além de ser um pesquisador talentoso, ele formou cientistas de destaque. Foi um empreendedor, um incentivador e um pioneiro na neurociência”, afirmou à reportagem o neurologista Jaderson da Costa, diretor do InsCer que trabalhou por décadas próximo de Izquierdo.

Para Cristiane Furini, professora da Faculdade de Medicina da PUCRS e pesquisadora no Centro da Memória, do InsCer, a morte de Izquierdo é uma perda irreparável. Furini, que ingressou no centro de pesquisa ainda como aluna de iniciação científica, trabalhou por mais de uma década com o cientista.

“Ele não foi só um grande neurocientista, foi também um grande ser humano. Estava sempre disposto a compartilhar o conhecimento que tinha de ciência, literatura, filosofia e história”, diz Furini.

O velório de Izquierdo acontece na quarta-feira (10), no Crematório Metropolitano de Porto Alegre, das 8h às 11h.

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