Economia

Como juntar dinheiro em cinco passos

Para aprender a poupar é preciso ter planejamento financeiro, estabelecer práticas de consumo sustentável, pensar na aposentadoria e estar preparado para percalços inesperados do dia a dia. Não é fácil, mas com algumas dicas levantadas pelo presidente do Conselho Federal de Economia (COFECON), Wellington Silva, é possível poupar.

Em primeiro lugar, Wellington Silva diz que é fundamental criar uma planilha de receitas e despesas. Ao listar o que não se pode abrir mão – por exemplo, aluguel, IPTU, condomínio, água, luz, telefone, educação, saúde –, percebe-se, por consequência, quais gastos podem ficar para trás e o que pode ser economizado.

“Se a pessoa sai toda noite para jantar fora, passa a sair somente nos fins de semana. Se já sai somente aos fins de semana, passa a sair uma ou duas vezes por mês”, explica o presidente do COFECON. “Outra possibilidade é substituir o uso do carro ou do taxi pelo transporte público”, sugere. Segundo Silva, a redução de gastos é fundamental para garantir uma margem maior de recursos para poupança.

Como evitar o consumismo
As compras impulsivas são o pior inimigo de quem quer economizar. “Às vezes a pessoa tem um celular que atende todas as suas necessidades e expectativas, mas basta sair um lançamento que ela vai lá e compra outro”, descreve Silva. “Hoje em dia os produtos são fabricados para durar menos e isso já é um obstáculo à poupança”, completa.

O economista recomenda se perguntar antes de comprar um determinado produto se aquilo realmente é importante para sua vida e até que ponto se precisa dele no dia a dia. 
Wellington Silva explica que também é fundamental fazer uma divisão do salário em frações. Com isso é possível definir claramente qual parcela da receita poderá ser poupada e ajuda a evitar o consumismo, por separar uma parte definhada dos ganhos para as compras.

Segundo o economista, essa é uma das técnicas para se conseguir excedente para poupar e funciona da seguinte forma: deve-se dividir o salario em três partes. Considerando um salário de R$ 3 mil, por exemplo, mil reais ficariam para despesas fixas. Outros mil reais seriam reservados para despesas variáveis, como lazer, imprevistos e manutenção do patrimônio. Os mil reais restantes seriam destinados à poupança. “Não desanime se o restante não for um terço exato do salário. O importante é seguir tentando nos meses seguintes”, explica Silva. “A ideia de um terço é interessante, mas a fração destinada à economia pode se transformar em um quarto ou um quinto para se adaptar a diferentes orçamentos. Isso facilita verificar as sobras para a poupança”, completa.

Outra atitude fundamental é comprar à vista. Para o economista é sempre mais vantajoso. “Uma geladeira que custa R$ 1,4 mil à vista pode custar o dobro ou mais se o valor for pago em financiamento com cobrança de juros. O melhor é evitar o parcelamento”, afirma. Outra recomendação é pesquisar preços. “A gente precisa pesquisar para não cair em falsas promoções. Muitas lojas aumentam os preços dos produtos para depois diminuir e dizer que é promoção”, alerta o economista.

Como aplicar o dinheiro economizado
De acordo com Wellington Silva, a aplicação mais comum no Brasil é a caderneta de poupança. “Esta é a aplicação mais popular e segura. Há aplicações de maior risco como as ações da bolsa de valores. Elas podem proporcionar ao poupador ganhos altos, mas também podem quebrá-lo do dia pra noite”, explica.  Além da poupança, Silva cita outras opções que também são seguras e podem ter rendimento maior, como os fundos de renda fixa DIs, atrelados à taxa Selic. Outra opção é o fundo LCA, que são letras vinculadas ao financiamento agrícola, que normalmente têm rendimento superior ao da caderneta de poupança.

No Brasil a caderneta de poupança continua sendo a opção de investimento mais segura e acessível do mercado. Em 12 meses, o investimento na poupança da CAIXA cresceu 9,1%. Neste período foram abertas 4,5 milhões de novas cadernetas de acordo com os números do balanço do banco no terceiro trimestre de 2018.

Em todos os casos de aplicação de recursos, Silva ressalta a importância de o poupador saber que títulos estão lastreando essas aplicações e perguntar ao gerente do banco a composição da carteira do fundo de investimento. O economista lembra também que o ideal é não deixar todas as economias numa única aplicação. O economista também sugere a negociação de títulos públicos pela internet, o Tesouro Direto. “Essa é uma excelente opção e permite investimentos a partir de R$ 30,00”, explica Silva.

Como poupar para comprar um imóvel
O economista alerta que o planejamento muda quando o objetivo da poupança é a compra de um bem de preço alto, como um imóvel. “Neste caso, o corte de gastos terá que ser ainda maior. O desafio terá que ser proporcional ao tamanho do sonho”, afirma Silva.

Se o poupador pretende comprar um imóvel de R$ 100 mil, daqui a cinco anos, ele terá que prever a inflação neste período, fazendo uma projeção de acordo com os dados históricos e considerar a possibilidade de valorização do imóvel.  Ao mesmo tempo, será preciso fazer a projeção do salário, considerando possíveis reajustes e ganhos extras, como férias e décimo terceiro. “Estes ganhos são extremamente importantes para quem pretende comprar um imóvel”, explica Silva.

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