Benefícios

Governo planeja Enem 100% digital até 2026

O governo Jair Bolsonaro (PSL) vai iniciar no próximo ano um projeto-piloto para aplicação do Enem em computadores. O plano é migrar totalmente para o modelo digital até 2026.

O objetivo é alcançar uma redução de custos de logística e permitir mais de uma aplicação do Enem ao longo do ano, a exemplo do que ocorre com avaliações internacionais.

Em 2020, o projeto-piloto ocorrerá em 15 capitais para um público de 50 mil candidatos. A aplicação do Enem totalmente digital ocorrerá em dois domingos, nos dias 11 e 18 de outubro, antes da aplicação regular, em papel, já marcada para os dias 1º e 8 de novembro de 2020 (veja quadro ao lado).

Nas edições até 2025, os candidatos poderão escolher inscrever-se para prestar a prova no computador, caso haja oportunidade próximo à sua residência. Somente em 2026 o Enem ocorre digitalmente de forma definitiva, de acordo com o plano.

“Até 2026, a prova vai ser muito parecida com o que é hoje, mas toda ela vai ser no computador, assim como ocorreu com as transformações lá de fora”, disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, nesta quarta-feira (3) no MEC (Ministério da Educação), em Brasília.

O plano é que, consolidada a transição, haja locais credenciados para a realização do exame, como ocorre em avaliações como o SAT, exame de seleção para universidades nos EUA. Assim, o exame poderia ocorrer em vários momentos do ano.

Por enquanto, entretanto, o candidato não terá a oportunidade de fazer duas provas em um ano. Haverá a possibilidade de reaplicação caso haja problemas no digital.

Quando o formato atual do Enem foi lançado, em 2009, e a prova passou a ser usada como vestibular para as universidades federais, já havia o plano de digitalizar o exame. A dificuldade para ter questões em número suficiente dificultou a operação.

No Enem, os itens são pré-testados para garantir níveis de dificuldade controlados. Dessa forma é possível a aplicação de várias provas no mesmo processo seletivo com o mesmo grau de dificuldade.

Outro desafio é garantir locais com computadores suficientes para o volume de inscritos no Enem, inclusive em locais mais isolados. Neste ano, a prova ocorre em 1.725 municípios.

Segundo o professor Luiz Cláudio Costa, ex-secretário-executivo do MEC no governo Dilma (PT), a migração é necessária e viável, embora haja desafios de adaptação.

“A quantidade de itens é sempre um problema, mas tem vantagens porque o exame pode ser aplicado em mais de uma edição ao longo do ano”, diz. “É necessário ter cuidado sempre para não prejudicar aquele aluno de escola pública que não tem acesso à informatização e pode ter dificuldade [de fazer uma prova em computador]”.

A comparabilidade das provas também não é trivial, embora possível. “É um desafio porque se há um rendimento diferente [entre os grupos que fazem no computador e no papel] não pode comparar”, diz Costa, que foi presidente do Inep, órgão do MEC responsável pelo Enem.

No novo formato, a redação também será feita nos computadores. Segundo técnicos do Inep ouvidos pela reportagem, em condição de anonimato, ainda há questões técnicas em aberto, como a comparabilidade de resultados e garantia de infraestrutura para aplicação do exame. Neste ano, os inscritos somam 5,5 milhões.

Segundo Alexandre Lopes, presidente do Inep, a mudança deve reduzir os custos do exame, hoje em torno de R$ 500 milhões. A aplicação do projeto-piloto em 2020 vai custar R$ 20 milhões.

Os integrantes do MEC afirmam que é possível garantir a segurança do exame no formato digital. “A segurança que temos em papel será garantida no digital”, disse Lopes.

Weintraub disse que o presidente Jair Bolsonaro não leu a prova deste ano antes, como havia prometido, e nem deve ler antes da aplicação.

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