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‘A Música da Minha Vida’ se junta à lista de bons filmes roqueiros de 2019

FOLHAPRESS – Definitivamente, 2019 é um ótimo ano para o rock no cinema. Depois de “Rocketman”, a exuberante cinebiografia de Elton John em formato de musical, e do fofo e inteligente “Yesterday”, há mais um filme para cativar corações roqueiros.

“A Música da Minha Vida” é o título insosso do lançamento no Brasil. O original é “Blinded by the Light” (“cego pela luz”), que é o nome de uma canção gravada por Bruce Springsteen em 1973, a faixa que abre seu primeiro álbum, “Greetings from Asbury Park, N.J.”.

O filme é uma carinhosa homenagem a ídolos que conseguem inspirar as pessoas. Nada melhor para acolher essa ideia do que a relação de um adolescente com seu cantor ou sua banda de coração.

O cenário é a Inglaterra em 1987, cuja cena roqueira era especialmente efervescente numa época de muita popularidade de Smiths, The Cure e New Order.

O ator Viveik Kalra faz o papel de Javed, um garoto de família paquistanesa que vive em Luton e enfrenta o habitual turbilhão hormonal da adolescência. Praticamente experimenta o catálogo todo de inconveniências da idade: bullying, xenofobia, timidez com as garotas, pressão dos pais que não aprovam seu comportamento “britânico demais” e incertezas quanto ao futuro. Para completar, Javed quer ser poeta, o que não facilita as coisas.

Os tipos retratados podem ser clichês desse gênero de drama adolescente urbano. Os pais que não compreendem o desejo dos filhos, os amigos legais, os colegas desagradáveis, o professor bacana, a menina dos sonhos que parece inalcançável. Mas o que transforma completamente “A Música da Minha Vida” é a maneira como todos esses elementos estão encadeados.

A diretora Gurinder Chadha, premiada cineasta de documentários, volta a exibir aqui a mesma sensibilidade que fez brilhar seu filme de ficção de 2002, “Driblando o Destino”. Lembrado como num dos primeiros sucessos de Keira Knightley, é uma divertida e carinhosa história sobre uma garota de origem indiana que deseja ser jogadora de futebol.

Chadha mantém seus personagens íntegros, ingênuos e de peito aberto para futuro. Javed não é um tipo construído para cumprir um papel simples. Passa bem longe do clichê cinematográfico de adolescentes caricatos. Viveik Kalra é uma revelação. Não há como ficar indiferente a seu desejo de encontrar um lugar no mundo, ao desespero de se sentir único em sua incapacidade de conexão com os outros.

Quando Bruce Springsteen entra em sua vida, Javed é fisgado pelas canções libertárias da primeira fase do cantor americano. O repertório de ideias nas letras é rapidamente assimilado pelo garoto. Diferente de Bob Dylan, por exemplo, que trata em sua poesia de temas politizados e personagens mais intelectualizados, Springsteen fala direto à classe trabalhadora. Fala de gente real, que dá duro a semana inteira para buscar no fim de semana alguma diversão que afaste a figura do patrão e deixe sonhos de felicidade habitarem suas cabeças por algumas horas.

Javed fica cada vez influenciado por Springsteen e planeja uma viagem à cidade natal do ídolo, em Nova Jersey. Assim, entre sonhos e planos, vai construindo sua personalidade adulta. “A Música da Minha Vida” é divertido, emocionante e pode mudar um pouco a cabeça de quem assistir. Mais ou menos como Springsteen faz com a cabeça de Javed.

A MÚSICA DA MINHA VIDA

Quando: estreia nesta quinta (19)

Classificação: 12 anos

Elenco: Viveik Kalra, Meera Ganatra, Aaron Phagura

Produção: Reino Unido/EUA, 2019

Direção: Gurinder Chadha

Avaliação: muito bom

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