Cultura

'Medo Profundo' é tão ruim quanto bizarrices do subgênero 'filme de tubarão'

FOLHAPRESS – O mundo ama filmes de tubarão, e o povo de cinema responde a esse amor criando um verdadeiro subgênero com o tema. Mas o pessoal tem exagerado nos últimos anos, provando o quão baixo pode chegar a indústria de Hollywood em busca de nosso dinheiro e deleite.
Recentemente, salvou-se “Águas Rasas” (2016). Traz cenas interessantes e a estrela Blake Lively no papel de uma surfista presa em uma boia que flutua a poucos metros da praia, com peixes assassinos circulando ao seu redor.
Mas a profusão de filmes Z não acaba. No ano passado, “Megatubarão”, com Jason Statham, e “Megalodon”, com Michael Madsen, concorreram para apresentar o maior tuba já visto nas telas. Ambos eram capazes de engolir navios e possuíam dezenas de metros de comprimento.
A série “Sharknado”, inciada em 2013, trata de um tornado bizarro que avança sobre os EUA abrigando um grupo de tubarões em seus rodamoinhos. Ninguém está a salvo, seja na terra, mar ou ar! “Mega Shark vs. Mecha Shark” (2014) traz o velho embate natureza versus tecnologia. Aqui um peixe de carne e cartilagem briga com um robô tuba mecânico.
E “O Ataque do Tubarão de Seis Cabeças” é isso mesmo o que você está pensando: um animal com seis bocarras repleta de dentes assemelhando-se a uma estrela de seis pontas, quando visto de cima. 
Tudo isso para contextualizar “Medo Profundo – O Segundo Ataque”. Trata-se de um filme de outro nível.
Se pretende melhor. Mas é tão ruim quanto, sem conseguir se decidir entre a comédia escrachada das produções citadas acima ou o suspense angustiante dos melhores filmes do ramo.
O primeiro “Medo Profundo” trazia o mesmo diretor e corroteirista Johannes Roberts na batuta. A história acompanhava duas turistas americanas no México que descem em uma gaiola para ver tubarões em alto-mar. É claro que a corrente que segura a coisa vai estourar e elas vão ficar à mercê dos monstros assassinos.
No original, o filme se chamava “47 Meters Down”, e isso fazia sentido porque a gaiola aterrissava a 47 metros de profundidade. Já o título em inglês desse de agora, “47 Meters Down: Uncaged” (47 metros no fundo: sem gaiola), é um despropósito, pois ninguém vai a 47 metros nem isso jamais é citado no filme.
A história segue quatro adolescentes que resolvem explorar uma cidade maia submersa no México. O local estará cheio de tubas, mas, por sorte, eles evoluíram para uma espécie cega por causa da baixa quantidade de luz naquelas cavernas.
O problema é que a direção parece tão cega quanto os peixes. Nunca sabemos de que lado as meninas vieram nem para qual vão naqueles túneis e labirintos. Se a ideia era causar no espectador a mesma confusão passada pelas garotas, a estratégia funcionou, mas também pode ser absoluta incompetência de direção.
Tudo se resolve com base no velho esquema do susto fácil: o tubarão aparece quando está tudo calmo e um “pam” ensurdecedor faz você pular da cadeira.
A única chance de “Medo Profundo – O Segundo Ataque” não escorrer direto para lata do lixo da história é se Sistine Stallone desencantar. Filha de 21 anos do velho Sylvester, ela é linda e essa é sua estreia cinematográfica. Para ser uma estrela, só falta atuar. O que não foi possível dessa vez, dada a profusão de tubarões ao seu redor.

MEDO PROFUNDO – O SEGUNDO ATAQUE
Avaliação: ruim
Elenco: Sophie Nélisse, Corinne Foxx, Brianne Tju, Sistine Stallone
Produção: EUA, 2019, 90 min
Direção: Johannes Roberts

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