Asia

Papa expressa preocupação com energia do futuro ao consolar vítimas de Fukushima

Por Philip Pullella e Elaine Lies

TÓQUIO (Reuters) – O papa Francisco expressou preocupação com as fontes de energia do futuro ao consolar as vítimas do desastre no reator nuclear de Fukushima, nesta segunda-feira, chamando atenção para um pedido dos bispos católicos do Japão para uma abolição total da energia nuclear.

Cerca de 18 mil pessoas morreram ou foram dadas como desaparecidas após o chamado desastre triplo, quando um grande terremoto desencadeou um tsunami, que chegou a 30 metros de altura em alguns locais, que devastou uma grande parte do litoral nordeste japonês e provocou um derretimento na usina nuclear de Fukushima Dai-Ichi.

A radiação do pior acidente nuclear do mundo desde Chernobyl forçou centenas de milhares a fugirem da área, e milhares nunca voltarão.

“Decisões importantes terão que ser tomadas sobre o uso de recursos naturais, e as fontes de energia do futuro em particular”, disse o papa em um discurso a sobreviventes no centro de Tóquio.

“Até os laços sociais de comunidades locais serem restabelecidos, e as pessoas poderem uma vez mais desfrutar de segurança e vidas estáveis, o acidente de Fukushima não está totalmente resolvido”, disse Francisco.

“Isto envolve, como meus irmãos bispos do Japão enfatizaram, uma preocupação com a continuação do uso da energia nuclear; por esta razão, eles pediram a abolição das usinas de energia nuclear”.

Em um comunicado emitido após o desastre de Fukushima, a Conferência dos Bispos Católicos do Japão disse que a cessação de toda a geração de energia nuclear no país é “imperativa”, dada sua propensão para desastres.

Pobre em recursos, o Japão defende a energia nuclear como solução há tempos, apesar de ser uma das nações mais sujeitas a terremoto. Todas as usinas de energia nuclear foram desligadas em 2011, mas várias foram reabertas desde então.

Francisco ouviu atentamente quando Toshiko Kato, o chefe de um jardim de infância católico da Cidade de Miyako, lhe contou: “Assim como o resto da cidade, minha casa foi varrida pelo tsunami”.

Várias autoridades católicas japonesas presentes disseram que o papa expressou várias vezes o desejo de ir ver a zona do desastre em primeira mão, mas que sua agenda não permitiria a viagem, e por isso levaram alguns sobreviventes a Tóquio para que se encontrassem com o líder religioso.

Francisco, que faz a primeira viagem de um pontífice ao Japão desde 1981, aproveitou as visitas que fez no final de semana a Hiroshima e Nagasaki – as duas únicas cidades do mundo atingidas por bombas atômicas – para ressaltar sua campanha para abolir as armas nucleares.

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