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Polícia de Manchester prende suspeito por ofensas racistas contra brasileiro durante jogo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia da região metropolitana de Manchester, na Inglaterra, prendeu neste domingo (8) um homem de 41 anos ligado a ofensas racistas que tinham como alvo o volante brasileiro Fred, 26, atleta do Manchester United, segundo o site Sky Sports. O caso ocorreu durante partida contra o Manchester City neste sábado (7), no estádio Etihad, pelo Campeonato Inglês.
Segundo comunicado da corporação, o suspeito foi detido por “ofensa à ordem pública agravada por racismo e permanece sob custódia para interrogatório”.
O superintendente da divisão policial de Manchester, Chris Hill, disse que “nenhum tipo de racismo tem lugar no futebol ou em nossa sociedade”. “Espero que essa prisão mostre que estamos levando essa questão muito a sério.”
“Vamos continuar o trabalho conjunto com os clubes Manchester City e Manchester United e vamos atrás de todas as diferentes linhas de investigação”, complementou.
Fred foi alvo das ofensas racistas no segundo tempo da partida. Enquanto o meio-campista se preparava para cobrar um escanteio, torcedores do City imitaram sons de macacos e jogaram objetos na direção do jogador.
Pouco minutos após a disputa, o City divulgou um comunicado em que afirma estar ciente do ocorrido e que vai colaborar com a polícia local para identificar e punir os torcedores racistas.
“O clube mantém uma política de tolerância zero em relação a qualquer tipo de discriminação, e qualquer pessoa considerada culpada de abuso racial será banida do clube por toda a vida”, diz a nota do City.
Em entrevista ao canal ESPN Brasil, Fred também se manifestou. “Infelizmente, a gente está em uma sociedade um pouco atrasada, em pleno 2019 a gente ainda tem de conviver com isso”, disse. “É triste, mas a gente tem de levantar a cabeça, bola para frente, tem de esquecer isso. Eu falei com o árbitro depois do jogo e eles vão tomar as providências e ponto final.”
Em meio aos xingamentos, os próprios atletas do City pediram aos torcedores para cessarem os gestos para que o volante pudesse cobrar o escanteio.
Diante da série de casos de racismo no futebol europeu, a Uefa estabeleceu um protocolo para os árbitros agirem diante de situações como a sofrida por Fred. 
O procedimento tem três etapas. Na primeira, caso o juiz perceba algum comportamento racista ou for informado disso pelo quarto árbitro, ele deverá interromper a partida para que seja feito um aviso sonoro no estádio pedindo para pararem com as ofensivas.
Caso o aviso não seja respeitado, o passo seguinte é suspender a partida por um determinado período de tempo razoável, por exemplo de cinco a dez minutos, e pedir para os atletas esperarem nos vestiários.
Como último recurso, o jogo poderá ser encerrado caso as atitudes racistas persistam.
Neste sábado, a partida entre os times de Manchester ficou parada por pouco menos de dois minutos e os atletas permaneceram no gramado.
Depois do jogo, o atacante Rashford foi questionado sobre o ocorrido, mas disse que não testemunhou as ofensas. Mesmo assim, afirmou que  “nos últimos tempos, temos lidado com isso [ofensas racistas] um pouco melhor, mas o fato de que ainda está acontecendo não é bom o suficiente. Obviamente, ainda há trabalho a fazer nessa área”, comentou o atleta do United.
A organização de igualdade e inclusão do futebol inglês Kick It Out disse que entrará em contato com os dois clubes para “oferecer nosso apoio e espera que sejam tomadas medidas rápidas para identificar os infratores.”
A partida terminou com vitória do Manchester United por 2 a 1.
Recentemente, os brasileiros Dentinho e Taison, do Shaktar Donetsk, da Ucrânia, também foram alvos de ofensas racistas na Europa, durante partida contra o  Dínamo de Kiev pelo Campeonato Ucraniano, em 10 de novembro.
Revoltado com os gritos da torcida do Dínamo, que era visitante e estava em menor número, Taison fez um gesto ofensivo e chutou a bola na direção dos torcedores. Por causa disso, foi expulso.
Avisado do ato dos torcedores por Dentinho, o árbitro paralisou a partida por cerca de cinco minutos durante o segundo tempo. Os jogadores do clube de Kiev foram até a beira do campo e pediram que as ofensas cessassem.
“Jamais irei me calar diante de um ato tão desumano e desprezível. Minhas lágrimas foram de indignação, de repúdio e de impotência, impotência por não poder fazer nada naquele momento”, disse Taison em uma publicação na rede social Instagram.

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