Latin America

JBS diz que negocia importação de milho após disparada dos preços no Brasil

SÃO PAULO (Reuters) – A gigante do setor de carnes JBS afirmou nesta quarta-feira que está em negociação para importar cerca de 200 mil toneladas de milho para suas unidades no Brasil, diante da alta dos preços do cereal no mercado brasileiro.

Segundo nota da empresa, o milho importado deverá chegar nos primeiros meses de 2020, quando é esperada uma oferta apertada do produto no país, antes da entrada da safra de verão e após o Brasil ter exportado volumes recordes em 2019.

“A decisão da companhia está baseada na melhor competitividade apresentada na importação em relação ao custo atual do grão no Brasil”, disse a JBS, após ser procurada pela Reuters para confirmar uma reportagem da Bloomberg sobre o assunto.

Ainda segundo a JBS, os constantes aumentos nos custos do milho brasileiro, “entre 25% a 40% nos dois últimos meses, tem feito as empresas buscarem alternativas de importação”.

Em termos nominais, os preços do milho no mercado interno atingiram recentemente os maiores níveis desde agosto de 2016, a cerca de 48 reais a saca de 60 kg, segundo indicador da Esalq/USP, que aponta uma alta mais de 30% desde o início de setembro.

A JBS não detalhou a origem do milho que deverá ser importado, mas normalmente o Brasil importa volumes do Paraguai e da Argentina.

No Brasil, a Seara é a divisão da JBS que congrega as indústrias de carnes de aves e suínos, criações que mais consomem rações, cuja principal matéria-prima é o milho.

Nesta semana, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou as importações de milho pelo Brasil em 2018/19 em 1,3 milhão de toneladas, ante cerca de 900 mil toneladas no ciclo anterior. Para 2019/20, a estimativa é de compras externas pelo país de 1 milhão de toneladas.

No ano passado, a JBS importou da Argentina cinco carregamentos de 30 mil a 35 mil toneladas de milho cada, disse uma fonte à Reuters em fevereiro, quando a empresa de carnes realizou importação do cereal.

Diante de um esperado aperto da oferta de milho em algumas áreas do Brasil no início do próximo ano, até a entrada da colheita de verão, especialistas já haviam alertado sobre importações no começo de 2020, após as exportações do Brasil no acumulado de 2019 terem superado 40 milhões de toneladas, uma máxima histórica para o período.

Em evento recente, a analista Ana Luiza Lodi, da INTL FCStone, disse que o volume a ser importado pelo Brasil dependerá do total exportado pelo país até o final de janeiro de 2020, quando se encerra oficialmente a temporada de exportação da safra 2018/19, marcada por uma colheita histórica de 100 milhões de toneladas.

A origem das esperadas importações brasileiras pode ser o Paraguai, que costuma aparecer como um fornecedor importante ao Brasil, pela proximidade com Estados do Sul do país, onde a demanda por milho é relevante graças à indústria de carnes, comentou a especialista.

A Argentina também poderia ser um exportador de milho ao Brasil, assim como os Estados Unidos, mas no caso deste último é uma “possibilidade mais remota”, disse Ana Luiza, uma vez que os custos com a logística são maiores do que se trazer do Mercosul.

(Por Roberto Samora)

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