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Palmeiras impõe freio político a Barros para não ter novo Mattos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Contratado para ser o substituto de Alexandre Mattos, 43, o novo diretor de futebol do Palmeiras, Anderson Barros, 51, não terá no clube a mesma autonomia que seu antecessor. O presidente do clube, Maurício Galiotte, decidiu criar um comitê para descentralizar as decisões do departamento.
Barros herdará as atribuições relativas ao seu cargo, como a gestão do elenco, contratações e planos de ações internas, mas o trabalho dele será supervisionado por esta comissão. O dirigente, contudo, deve se reportar diretamente ao presidente do Palmeiras.
Quatro membros da diretoria foram designados para fazer parte do comitê: Paulo Buosi (primeiro vice-presidente), Alexandre Zanotta (terceiro vice-presidente), José Eduardo Luz Caliari (quarto vice-presidente) e Davi Gueldini (diretor financeiro).
Esse é o grupo que vem auxiliando Galiotte na gestão do departamento de futebol desde a demissão de Mattos, no dia 1º de dezembro.
Nos quase cinco anos em que esteve no clube, o ex-diretor teve poder quase absoluto. Contratar e demitir técnicos, além de buscar uma série de jogadores para atuar pelo time, faziam parte da rotina do dirigente, que chegou ao Palmeiras em janeiro de 2015. 
Era o homem de confiança do presidente e visto por quem convive no clube como intocável. 
Mattos foi o responsável por destinar todo o investimento aplicado pela patrocinadora Crefisa no Palmeiras. A trajetória dele no clube se iniciou justamente no ano em que parceria foi firmada.
Por temporada, a empresa investe cerca de R$ 80 milhões em patrocínio. Nos primeiros anos, além do valor repassado pelo acordo, gastou ainda R$ 120 milhões em reforços, o que gerou uma multa da Receita Federal e a obrigação de mudar o acordo, em 2018. O clube terá de devolver o valor.
Com tamanho investimento, Mattos formou para a temporada 2019 o elenco mais caro do futebol brasileiro, ao lado do plantel do Flamengo, mas o time alviverde fracassou em todos os campeonatos de mata-mata que disputou e terminou o Brasileiro na terceira posição.
A sequência negativa elevou a pressão sobre a diretoria palmeirense, sobretudo contra Mattos. Ele era o principal alvos de maioria dos protestos organizados pela torcida em frente ao CT de treinamento e durante as partidas.
“O ciclo hoje se encerra. O Palmeiras pensa agora num modelo diferente para o próximo ano, uma forma diferente de ver o futebol”, disse o presidente Maurício Galiotte, no dia em que anunciou a saída de Mattos e do técnico Mano Menezes, este último ainda sem substituto.
O ex-diretor de futebol palmeirense tinha contrato até 2021, tempo determinado em sua última renovação. Antes de estender o vínculo, seu salário era de R$ 180 mil mensais. A reportagem apurou que para assinar um novo acordo, ele recebeu um aumento, de valor não confirmado pelo Palmeiras. 
Ao contratar Barros, um dos objetivos do clube foi justamente diminuir esse gasto com um diretor. O salário do novo profissional não foi revelado, mas ele não chega com a mesma credencial que seu antecessor.
Mattos, por exemplo, trabalhou no Cruzeiro de 2012 a 2014, período em que o time ganhou duas vezes o Campeonato Brasileiro (2013 e 2014). 
Barros não tem nenhum título nacional em seu currículo. Antes de aceitar o convite do Palmeiras, ele estava no Botafogo, que terminou o Brasileiro 2019 em 15º, fora inclusive da zona de classificação para a Copa Sul-Americana.
O trabalho do dirigente no time carioca foi elogiado pelo vice-presidente do Botafogo, Ricardo Rotenberg. “A principal qualidade dele é a gestão do elenco. Ele cuida não só dos jogadores, mas das famílias dos atletas, tem bom relacionamento com os empresários. Ele é um cara agregador”, disse o dirigente botafoguense à reportagem.
De acordo com Manoel Renha, diretor das categorias de base do Botafogo, Barros ainda voltará ao clube para ajudar na transição de trabalho para o novo diretor de futebol do clube, Valdir Espinosa. 
“Ele [Barros] deixou o clube de portas abertas, inclusive estará conosco na semana que vem para passar para o novo diretor o nosso planejamento para a próxima temporada”, comentou.
Barros construiu boa parte de sua carreira no futebol do Rio de Janeiro, onde passou por três clubes grandes: Flamengo (2004-2005), Vasco (2017) e Botafogo (2009-2012 e 2018 e 2019).
Ele também atuou por Figueirense (2006-2008), Bahia (2013), Coritiba (2014) e Vitória (2015-2016).
Antes de contratá-lo, o Palmeiras fez convites a Rodrigo Caetano, do Internacional, e Diego Cerri, do Bahia. Ambos declinaram as propostas.

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