Environment

França estabelece zonas livres de pesticidas e irrita agricultores e ambientalistas

Por Forrest Crellin

PARIS (Reuters) – O governo da França estabeleceu nesta sexta-feira distâncias consideradas seguras para a aplicação de pesticidas em cultivos próximos a residências, em uma tentativa de acalmar um caloroso debate entre agricultores e ambientalistas –mas, ao invés disso, acabou irritando os dois lados de uma só vez.

A partir de 1º de janeiro, deverá haver uma distância de 5 metros entre residências e plantios rasteiros, como os de cereais, e uma zona de 10 metros para cultivos mais altos, como os de pés de frutas, disseram em comunicado conjunto os ministérios da Agricultura, Meio Ambiente e Saúde do país.

O comunicado seguiu as recomendações feitas pela Anses, a agência francesa de alimentos e meio ambiente, no início deste ano.

A maior associação de produtores da França, a FNSEA, que se opõe às zonas obrigatórias livres de pesticidas sob alegações de que elas forçam agricultores a descartar o uso de grandes áreas, reagiu irritada à medida.

“Ao estabelecer, em certas situações, distâncias incompreensíveis de segurança, quaisquer que sejam as práticas de proteção, o governo se submete à ideologia e deixa muitos agricultores sem qualquer solução”, disse a FNSEA em nota.

Já o grupo ambientalista France Nature Environment (FNE) criticou a medida por não ir suficientemente longe.

“Aconteceu o que temíamos”, disse Thibault Leroux, representante do FNE, acrescentando que o grupo considera ir à Justiça contra a decisão.

Pesticidas comerciais já haviam sido proibidos em locais públicos franceses, como parques, em 2017. O veto foi ampliado neste ano, passando a incluir residências privadas e jardins.

O governo francês também pretende eliminar gradualmente o uso do controverso glifosato até 2021, embora tenha prometido levar em consideração o caso de produtores que não possuem alternativas viáveis ao produto.

Agricultores irritados com as políticas do governo que, segundo eles, ameaçam seus meios de subsistência, levaram comboios de tratores a Paris no mês passado, obstruindo o tráfego de passageiros e aumentando a agitação social que o presidente Emmanuel Macron tem enfrentado.

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