Economy

Copel quer importar energia do Paraguai; mira vendas no mercado livre no Brasil

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) – A estatal paranaense Copel quer importar eletricidade do Paraguai para revender a clientes no mercado livre de energia do Brasil, no qual grandes consumidores, como indústrias, negociam diretamente o suprimento junto a geradores e comercializadoras.

A unidade de comercialização de eletricidade do grupo, Copel Energia, entrou junto ao Ministério de Minas e Energia e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com pedido de autorização para as operações, disse à Reuters o presidente da empresa, Franklin Kelly Miguel.

“Estamos requerendo o estabelecimento da importação de energia da hidrelétrica Acaray. Já fazíamos isso no passado… o pedido é para reestabelecer essa importação”, afirmou o executivo.

A usina de Acaray, com 200 megawatts em capacidade instalada, pertence à estatal paraguaia ANDE, que é sócia da estatal brasileira Eletrobras na operação da hidrelétrica binacional de Itaipu.

O pleito da Copel é para que o governo autorize as compras junto à hidrelétrica paraguaia por 20 anos, em importações na modalidade “energia firme”, a serem negociadas pela comercializadora da Copel “por sua conta e risco”.

O executivo não deu detalhes sobre os preços e potenciais ganhos envolvidos na operação, que envolverá a venda da energia importada no mercado livre brasileiro, onde consumidores em geral obtêm menores custos do que no regulado.

Na documentação enviada ao Ministério de Minas e Energia, a Copel destacou que chegou a realizar importações da usina paraguaia de Acaray entre 1969 e 2014, mas posteriormente suspendeu as operações devido à obsolecência de equipamentos da estação conversora de frequência entre os países.

A energia trazida do Paraguai para o Brasil precisa passar pela estação conversora porque a rede elétrica do país vizinho opera em frequência de 50 hertz, contra 60 hertz do sistema interligado brasileiro.

Com operações próximas de países do Mercosul, a Copel já obteve, em junho do ano passado, autorização do governo brasileiro para realizar até o fim de 2022 operações de importação de energia da Argentina e do Uruguai.

Diversas empresas, incluindo as comercializadoras de energia dos bancos Santander e BTG Pactual, também foram autorizadas em 2019 a realizar importações de energia de Uruguai e Argentina.

As operações de importação registradas nos últimos meses, no entanto, envolveram apenas a estatal Eletrobras, a comercializadora Tradener e a Enel Green Power Cachoeira Dourada, da italiana Enel, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

MERCADO AQUECIDO

Operam atualmente no mercado livre de eletricidade 5,9 mil consumidores de menor demanda, conhecidos como consumidores especiais, além de 919 clientes livres, com carga maior, segundo os dados mais recentes da CCEE, de outubro.

O número de clientes especiais cresceu 18,4% de janeiro a outubro, enquanto o de consumidores livres tem alta menor, de 2%.

Já a quantidade de comercializadoras de energia em operação saltou 19% até outubro, para 324 empresas, segundo a CCEE.

O mercado livre de eletricidade tem passado por rápida expansão nos últimos anos, em meio à busca de indústrias e empresas de serviços e comércio por redução nos custos com energia.

O governo ainda determinou em portaria publicada em dezembro que a Aneel e a CCEE deverão apresentar até janeiro de 2022 estudos sobre a abertura do mercado livre a todos consumidores, incluindo residenciais.

A unidade de comercialização da Copel teve receita líquida de 1,28 bilhão de reais nos primeiros nove meses de 2019, alta de 33% na comparação com mesmo período do ano anterior. O lucro líquido no período foi de 77,5 milhões de reais.

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