Cultura

Diretor de 'Salve-se Quem Puder' diz ter se inspirado em Jorge Fernando para desenvolver trama

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cenas tragicômicas e muita ação devem ser o mote da próxima novela das sete da Globo, “Salve-se Quem Puder”. A inspiração do autor Daniel Ortiz e do diretor Fred Mayrink vem das famosas tramas dos anos 1980, e também do trabalho que Jorge Fernando, morto em outubro de 2019, realizou em parceria com Silvio de Abreu, que hoje atua na gestão unificada de toda a dramaturgia da emissora.
Com estreia em 27 de janeiro, a história se centraliza nas protagonistas Alexia (Deborah Secco), Luna (Juliana Paiva) e Kyra (Vitória Strada). Elas precisam mudar suas identidades e fingir que estão mortas após testemunharem um assassinato. 
“Essa novela tem o DNA das tramas das sete dos anos 1980. Tenho lembranças das primeiras produções a que assisti, e elas foram com a dupla Silvio de Abreu, na autoria, e Jorge Fernando, na direção”, conta Ortiz. Ele fala de “Jogo da Vida” (1981) e “Guerra dos Sexos” (1984). 
Ortiz estreou na Globo como roterista em “Passione” (2011), de Silvio de Abreu e direção de Denise Saraceni, e, logo depois, fez parte da equipe da segunda versão de “Guerra dos Sexos” (2013), dirigida também por Fernando e com autoria de Abreu, em 2013. “Tinha uns dez anos, e minha mãe me avisava sempre que eles lançavam algo juntos. Quando fui trabalhar com eles, tentei não lembrar do meu passado para não entrar em pânico”, brinca o autor.
Ele estreou como autor principal em “Alto Astral” (2015), sob direção de Jorge Fernando, e logo depois escreveu “Haja Coração” (2016), esta dirigida por Teresa Lampreia.
Para “Salve-se Quem Puder”, Ortiz conta com a direção de Fred Mayrink, que também passou por experiências semelhantes. “Fiz escola com Jorge Fernando com quem trabalhei em ‘Chocolate com Pimenta’ [2004)]e ‘Alma Gêmea’ [2006]. Penso que essa novela é minha homenagem a ele no que diz respeito à comédia e ao ritmo. Nesse processo criativo, tenho a presença de Jorge aqui comigo”, afirma Mayrink. 
A TRAMA
No início da novela, as brasileiras Alexia e Kyra e a mexicana Luna não são exatamente amigas, mas se encontram México e suas vidas se entrelaçam após presenciarem um crime. “Luna, por exemplo, acaba de ser promovida no hotel em que trabalha e está feliz por finalmente ajudar o pai, que se recupera de um acidente”, adianta Ortiz.
“Alexia acaba de realizar um sonho antigo ao ser aprovada para o elenco de uma novela da Globo. Já Kyra é uma decoradora e patricinha atrapalhada, que fica noiva após anos sonhando em formar uma família e ter filhos”, completa. 
No México, as três testemunham o assassinato do juiz Vitorio (Airton Graça), que investiga uma quadrilha Internacional altamente perigosa, chefiada por Dominique (Guilhermina Guinle). Nesse mesmo momento, a cidade será atingida por um furacão, o que servirá como desculpa para o desaparecimento do trio.
Para Juliana Paiva, o furacão da história também pode ser considerado uma metáfora para a vida. “Todas elas vão passar por uma espécie de transformação radical na vida. No caso da novela, o furacão é real, e ele atinge a vidas das meninas, transformando sonhos e virando tudo do avesso.”
Com novo visual e nomes diferentes, as três serão obrigadas a viver em uma cidadezinha no interior de São Paulo, a fictícia Judas do Norte. Lá, elas serão recebidas por Ermelinda (Grace Gianoukas), o filho Zezinho (João Baldasserini) e a galinha Filipa, que já ganhou o carinho das atrizes. “Ela está até no roteiro, temos diálogos”, diz Deborah Secco, em tom de brincadeira.
Ermelinda e Zezinho integram há alguns anos o Programa de Proteção a Testemunha e mantêm uma vida simples, sendo produtores rurais. Mas eles não vão conseguir segurar a ansiedade dessas mulheres, que decidem fugir para São Paulo. 
O trio se une para manter viva a memória de seus passados, enquanto se fingem de mortas. Kyra terá a ajuda de Alexia para manter o noivo solteiro. “Renatinha [Juliana Alves] é secretária do noivo de Kyra, Rafael [Bruno Ferrari], e também ex-namorada do chefe. Com medo de que o antigo casal se reaproxime, a decoradora pede que Alexia vá trabalhar com eles e impeça que aconteça qualquer jogo de sedução”, diz Ortiz.
Em uma troca de favores, Kyra vai trabalhar com a família de Alexia para ter a certeza de que o avô Ignácio (Otávio Augusto), que sofre de Alzheimer, está sendo bem cuidado. “Já Luna descobre o paradeiro da mãe que a abandonou, Helena [Flavia Alessandra], mas para não se apresentar diretamente à ela, arruma um emprego no restaurante da empresária. Logo de cara, a mãe já não gosta dela, e ela se apaixona pelo enteado de Helena, Téo (Felipe Simas)”, revela o autor. 
MISTÉRIO DE HELENA
Luna vai crescer no México sem entender porquê foi abandonada pela mãe na infância. Quando a jovem tinha quatro anos, Helena resolveu arriscar a vida nos Estados Unidos. Foi a única que conseguiu o visto de entrada para o país e, por isso, fez a promessa de voltar ao México após se estabelecer em terras americanas para buscar a família. Mas isso jamais aconteceu.
Assim que chegar ao Brasil, Luna vai descobrir que Helena está em São Paulo e casada com o empresário Hugo (Leopoldo Pacheco). Apesar de fria, ela tem adoração pelos enteados, Téo (Felipe Simas) e Micaela (Sabrina Petraglia), e não mede esforços para proporcionar o bem-estar deles. O marido é o único que realmente conhece seu passado e sabe que a empresária teve Luna quando vivia em Cancún.
Como Helena simplesmente sumiu, Mário (Murilo Rosa) criou a filha sozinha no México ao longo de todos esses anos. Até hoje, ele não superou o abandono da mulher e carrega uma certa amargura em função disso. Principalmente depois de saber, tempos depois, que Helena morava no Brasil e havia se casado novamente. Em casa, Mário sempre evitou tocar no assunto com a filha. Luna, por sua vez, nunca desistiu de procurar informações sobre o paradeiro da mãe.

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