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Com temor a coronavírus, Bolsa cai 1,5% e dólar volta a R$ 4,20

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia após bater recorde, a Bolsa de Valores brasileira caiu 1,5% nesta terça-feira (21), a 117 mil pontos, com cenário de aversão a risco no exterior. O dólar subiu 0,42% e voltou a R$ 4,208, maior valor desde 2 de dezembro. 
Investidores temem a proliferação do coronavírus Wuhan. O vírus surgiu na China em dezembro e já causou seis mortes, com mais de 300 casos confirmados nos EUA, Coréia do Sul, Tailândia e Japão.
Um novo estudo, feito por pesquisadores do centro de pesquisas na Imperial College de Londres, no entanto, estima que a cidade onde os primeiros casos foram registrados, Wuhan, deve ter cerca de 1.723 casos, contra os 198 informados pelo governo chinês. 
Os casos estimados são apenas aqueles em que há manifestação de sintomas graves e que requerem hospitalização. Para a pesquisa foram desconsiderados casos leves ou assintomáticos. A estimativa levou em consideração dados obtidos até o dia 12 de janeiro.
No mercado, também há cautela com o que está por vir no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que teve início nesta segunda (21) e vai até sexta (24). Ainda contribui para o movimento de queda de Bolsas, a realização de lucros após fortes altas na semana anterior.
Na sexta (24), a China dá início a comemorações do Ano Novo Lunar e os mercados acionários do país permanecem fechados até o dia 30. Antes de feriados, investidores tendem a vender ativos e embolsar ganhos.
Depois de cinco pregões seguidos de alta, o índice Dow Jones recuou 0,5% nesta terça. Vindo de recorde na véspera, S&P 500 caiu 0,3% e Nasdaq, 0,2%.
No Brasil, o Ibovespa caiu 1,5%, a 117.026 pontos. O giro foi de R$ 22 bilhões, dentro da média diária para o ano. A queda foi puxada por bancos, após relatório cauteloso do Goldman Sachs quanto aos resultados do quarto trimestre. Em Davos, o ministro da Economia Paulo Guedes voltou a criticar a concentração bancária no Brasil, comparando os grandes bancos à um cartel. 
As units (conjunto de ações) do Santander caíram 4,5%, também impulsionadas por um resultado ruim do banco no Chile, 47% abaixo do previsto pelo Goldman Sachs.
A maior queda, no entanto, foi da Hering, que despencou 12%, a R$ 27,57, menor valor desde junho.  Na segunda (20), a companhia reportou queda de 5,2% no faturamento bruto do quarto trimestre sobre o mesmo período de 2018.
Em relatório, a varejista afirmou que o fraco desempenho de dezembro -que tradicionalmente responde por cerca de 60% das vendas do último trimestre- foi reflexo do aumento das vendas em outubro e novembro, meses característicos de compras por conta do dia das crianças e pela Black Friday.
“A ressaca de vendas após a Black Friday já era esperada em razão da antecipação de parte das compras, entretanto este movimento se estendeu mesmo após a segunda quinzena de dezembro”, afirmou a Hering.
“A empresa apresentou uma boa performance na plataforma de ecommerce e também aumentou o número de lojas físicas no período. No entanto, teve sua receita bruta diminuída assim como suas vendas nas mesmas lojas”, diz relatório da Guide Investimentos.
“Nos últimos 20 e 30 dias, as ações do Ibovespa subiram muito. Hoje passamos por ajustes de expectativa, um suspiro, mas seguimos em trajetória de valorização”, disse Lucas Tambellini, estrategista do Itaú BBA.
Ele mencionou que o mercado espera os dados do emprego formal de dezembro, medidos pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia, essa semana. 
“O pessoal está mais de olho no que está por vir em Davos do que no novo vírus, mas,  quando a agenda está vazia, estamos mais sujeitos à volatilidade”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management.
Dentre emergentes, o real foi a sexta moeda que mais se desvalorizou na sessão, marcada pela aversão a risco. Na semana, ela é a moeda que mais perde valor em relação ao dólar, com maior expectativa de queda da taxa Selic. 
Com indicadores econômicos fracos em novembro, o mercado vê mais chances do Banco Central cortar o juros em 0,25 ponto percentuais, o que levaria a Selic para 4,25% ao ano.
A queda na taxa básica de juros contribui para a depreciação do real por meio do carry trade, prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros, pois o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, no caso, os EUA, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior, o Brasil. Com juros baixos no Brasil, essa operação deixa de ser vantajosa e estrangeiros retiram seus recursos, em dólar, do país, o que eleva a cotação da moeda.
Moody’s diminui nota de crédito de Hong Kong por continuidade de protestos A agência de classificação de risco Moody’s diminuiu a nota de crédito de Hong Kong de Aa2 para Aa3 nesta terça. A agência destaca que a “falta de planos tangíveis para tratar tanto as questões políticas ou econômicas e sociais da população de Hong Kong que vieram à tona nos últimos nove meses pode refletir uma inerente capacidade institucional mais fraca do que a Moody’s havia avaliado previamente”.
A nova nota ainda figura dentro do grau de investimento, mas, segundo a agência, a perspectiva é negativa. Ou seja, há possibilidade de novos rebaixamentos.
Em setembro de 2019, a Fitch já havia rebaixado a nota da região de AA+ para AA, também dentro do grau de investimento.
Há mais de seis meses a região vive uma onde de protestos contra o governo chinês. Dentre os objetivos dos manifestantes estão a democracia total de Hong Kong, anistia para as mais de 6.500 pessoas presas até agora nos protestos e uma investigação independente sobre ações policiais.
Somado ao surto do coronavírus na região,  rebaixamento da nota de crédito fez a Bolsa de Hong Kong cair 2,8%. O índice chinês CSI 300, que reúne as Bolsas de Xangai e Shenzhen, recuou 1,7%. Bolsas europeias seguem o viés negativo e operam em queda.

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