Internacional

Para uma família chinesa em Nova York era simplesmente hora de ir para casa, com vírus ou não

Por Jonathan Allen

NOVA YORK (Reuters) – Jonathan Niu chegou ao Aeroporto Internacional John F. Kennedy de Nova York com cinco horas de antecedência na sexta-feira, porque ele tinha muita bagagem para despachar em seu voo para sua China natal: ele estava voltando com caixas cheias de centenas de máscaras faciais.

Sua mãe e pai, ambos na faixa dos 70 anos, vieram visitá-lo em Nova York há cerca de cinco meses, sua primeira viagem a cidade em 20 anos. Nesse ínterim, um novo coronavírus surgiu na China e se tornou uma crise de saúde global em rápida expansão, levando governos estrangeiros a resgatar seus cidadãos do país.

Niu estava entre aqueles que viajavam contra a maré junto com seus pais, que sentiam falta de sua casa depois de meses fora.

“Agora é hora de voltar”, disse Niu, 44 anos, que se mudou para os Estados Unidos há mais de 20 anos e mora em Manhattan, onde trabalha em finanças.

A família se lembra de surtos anteriores de vírus, incluindo a Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou Sars, e sobreviveu a eles, disse Niu. Ele achou que o Departamento de Estado dos EUA foi prudente em alertar os norte-americanos contra viagens não essenciais à China por causa da epidemia, que infectou cerca de 10.000 pessoas. Mas ele queria seguir com os pais.

A Delta Air Lines Inc. e a American Airlines Group Inc. juntaram-se a outras companhias aéreas na sexta-feira, suspendendo todos os voos restantes entre os EUA e a China.

Mesmo assim, o pai de Niu parecia relaxado antes de embarcar no voo da China Eastern Airlines no Terminal 1. Ele sorriu largamente, instando um repórter a reservar imediatamente um voo para a China.

Sua mãe parecia estar menos certa sobre isso. “Ela estava tão nervosa que não conseguia dormir”, disse Niu.

Depois de chegar, Niu disse que planejava garantir que a casa de seus pais em Hefei, capital da província oriental de Anhui, estivesse bem abastecida com mantimentos e outros suprimentos. Ele então vai se instalar e ficar com eles por um mês ou dois em uma espécie de quarentena autoimposta antes de retornar a Nova York.

“É como um filme de zumbi”, disse Niu, apesar de imaginar que poderia se aventurar do lado de fora indo a uma loja próxima, se realmente precisasse. “Eu baixei muitos filmes no meu iPad.”

Niu tinha esperança de animar os vizinhos de seus pais compartilhando parte de seu suprimento de máscaras faciais e deixando algumas em um hospital próximo.

“Todo mundo está em pânico lá”, disse ele. “As pessoas não conseguem as máscaras.” O estoque custou a ele cerca de 400 dólares.

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