Asia

China cortará tarifas pela metade sobre algumas importações dos EUA

Por Se Young Lee e Yawen Chen

PEQUIM (Reuters) – A China afirmou nesta quinta-feira que irá cortar pela metade tarifas adicionais aplicadas a 1.717 produtos dos Estados Unidos no ano passado, após a assinatura da Fase 1 do acordo que garantiu uma trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Embora o anúncio retribua ao compromisso dos EUA segundo o acordo, também é visto por analistas como uma ação de Pequim para ampliar a confiança em meio ao surto de vírus que afetou as empresas e o sentimento do investidor.

Jogando dúvidas sobre o cenário imediato, entretanto, está a perspectiva levantada na mídia local de que Pequim pode invocar uma cláusula relacionada a desastres no acordo comercial, o que pode permitir que evite repercussões mesmo se não conseguir cumprir totalmente o objetivo de compras de produtos dos EUA e serviços para 2020.

O Ministério das Finanças da China afirmou em comunicado que, a partir das 2h01 (horário de Brasília) de 14 de fevereiro, tarifas adicionais aplicadas sobre alguns produtos serão cortadas de 10% para 5% e outras de 5% para 2,5%.

O ministério não informou o valor dos produtos afetados pela decisão, mas os produtos que se beneficiam da nova regra fazem parte dos 75 bilhões de dólares em produtos que a China anunciou no ano passado que receberiam tarifas de 5% a 10%, o que entrou em vigor em 1 de setembro.

Em comunicado separado, o Ministério das Finanças disse que as reduções das tarifas correspondem àquelas anunciadas pelos EUA sobre os produtos chineses, que também estão programadas para 14 de fevereiro.

Outros ajustes dependerão da evolução da situação econômica e comercial bilaterial, disse o ministério.

COMPROMISSO

Os cortes reduzirão as tarifas sobre a soja de 30% para 27,5%, embora alguns operadores digam que o impacto pode ser limitado, já que as tarifas de 25% permanecem em vigor. As taxas sobre o petróleo cairão para 2,5%, ante os 5% impostos em setembro.

As tarifas restantes estavam programadas para entrar em vigor em 15 de dezembro, mas foram suspensas devido ao acordo comercial provisório.

“Qualquer movimento para abrandar é sempre bom. Especialmente, quando o mercado está sobrecarregado com as notícias sobre o vírus, as boas notícias sobre tarifas são revigorantes”, disse Tommy Xie, chefe de pesquisa do OCBC Bank.

“O anúncio mostra o compromisso da China em implementar a Fase 1 do acordo comercial, apesar das interrupções do recente surto de vírus”, disse Xie.

A notícia foi positiva para os mercados financeiros e surge num momento em que Pequim busca reforçar a confiança dos investidores e das empresas na China, à medida que o surto de coronavírus lança profunda incerteza sobre as perspectivas econômicas.

O Ministério das Finanças da China disse esperar que ambos os lados possam cumprir o acordo comercial e implementá-lo para aumentar a confiança do mercado, impulsionar o desenvolvimento do comércio bilateral e ajudar o crescimento econômico global.

Embora o corte nas tarifas indique claro avanço nos laços comerciais entre China e EUA, o surto de coronavírus joga dúvidas sobre o momento em que a Fase 1 do acordo pode ajudar a economia chinesa.

O chinês Global Times informou nesta quinta-feira que Pequim está considerando usar uma cláusula relacionada a desastres na Fase 1 devido ao surto, citando anonimamente um especialista comercial próximo ao governo.

O texto da Fase 1 do acordo contém uma cláusula de desastre que permite a implementação de adiamentos no caso de “desastre natural ou outro evento imprevisível”.

(Reportagem de Se Young Lee, Lusha Zhang, Yawen Chen, Winni Zhou, Hallie Gu, Dominique Patton e Gabriel Crossley; reportagem adicional Hideyuki Sano em Tóquio)

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