São Paulo

SP Escola de Teatro anuncia vencedores do Prêmio Solano Trindade para jovens dramaturgo

Os nomes dos três vencedores do Prêmio Solano Trindade foram divulgados na quinta-feira (20). Voltado ao reconhecimento do trabalho de jovens dramaturgos negros, a premiação é concedida pela SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap).

As peças vencedoras são:
– “Guerras Urbanas”, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro
– “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo
– “Media Homens”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul

Para a coordenadora de Dramaturgia da SP Escola de Teatro e presidenta do júri da premiação Marici Salomão, essa primeira edição do Solano Trindade já é um marco. “[É relevante] pela valorização de autoras e autores negros, algo que não conhecemos em forma de concursos, e também por ser uma plataforma de ampliação do que seja dramaturgia, do conhecimento de novos autores e de novos textos”, diz.

A fim de traçar um panorama da nova produção dramatúrgica de jovens autores negros no Brasil, a SP Escola de Teatro, ligada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), lançou em novembro de 2019 o Prêmio Solano Trindade.

A premiação é uma homenagem ao ator, diretor, cineasta, escritor e militante pernambucano Francisco Solano Trindade (1908-1974), em cuja obra fez marcantes denúncias contra o racismo e o preconceito no Brasil.

“Essa premiação é muito especial pois homenageia a figura importante para o teatro nacional e paulistano, um homem negro, que é Solano Trindade”, frisa o bibliotecário da SP Escola de Teatro, Ueliton Alves, responsável pela comissão de heteroidentificação do concurso. “E também é importante pelo fato de se publicar um livro como premiação, num cenário como o do Brasil, em que publicação é algo tão difícil. E negros publicarem suas narrativas em livro é extremamente simbólico, uma vez que temos aí para pessoas que tiveram durante muito tempo o reconhecimento de suas histórias negadas”, afirma.

Incentivo

Compuseram também a comissão avaliadora a dramaturga e diretora Luh Maza e os jornalistas Rosane Borges e Miguel Arcanjo. Segundo Borges, o prêmio responde a uma demanda política atual de representatividade e reescrita das narrativas. “[Além de ser também ferramenta de] incremento de outras gramáticas estéticas, para que a gente possa ter olhares outros, corporalidade outras, subjetividade outras”, afirma.

O concurso recebeu inscrições de jovens estudantes de teatro de todo o Brasil, o que possibilitou ao júri ter acesso a um amplo conjunto de vozes nacionais, como destaca Miguel Arcanjo. “Mais do que nunca, é preciso dar voz e visibilidade a todos os matizes possíveis no teatro brasileiro. Nesse caso, o foco está em uma dramaturgia negra. O prêmio traz novas vozes aos palcos brasileiros, mostrando que todas as histórias têm múltiplos lados. A dramaturgia só é boa se for assim”, afirma Arcanjo.

O mesmo destaca Luh Maza, para quem a proposta da premiação serve também como estímulo a outros jovens negros autores. “Saúdo a chegada desse prêmio como uma plataforma de representatividade negra não somente pelos personagens e situações dramáticas, mas também por seus escritores-narradores que compartilham os saberes (e dúvidas) da vivência negra na contemporaneidade”, diz. “Que ampliemos mais e mais essa noção sobre a arte produzida por esses autores e através deles inspiremos muitos outros jovens negros a tomar posse de todos os espaços como a dramaturgia.”

Suplentes por ordem de classificação:
1. “3×4”, de Amora Tito (Minas Gerais)
2. “Quando Anoitece”, de Le Ticia Conde (São Paulo)
3. “João, O Cândido”, de Suelen Casticini (Rio de Janeiro)

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