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Itália se empenha em minimizar risco do coronavírus em meio a novos casos

Por Crispian Balmer e Gavin Jones

ROMA (Reuters) – O governo da Itália, desesperado para impedir uma provável recessão, minimizou nesta quinta-feira a gravidade de um surto de coronavírus, o pior visto até agora na Europa, dizendo que ele só impactou uma fração minúscula do país.

Apesar de ministros terem ido ao ar com mensagens tranquilizadoras, autoridades disseram que o saldo de mortes aumentou em duas pessoas de madrugada e chegou a 14, e o número confirmado de infectados pela doença subiu mais de 100, atingindo 528.

“A epidemia de informação enganosa fará mais estrago à Itália do que o próprio risco de epidemia do vírus”, disse o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, em uma coletiva de imprensa. “Só 0,1% do nosso país está envolvido.”

Analistas alertaram que o surto parece a caminho de lançar a frágil economia italiana em sua quarta recessão em 12 anos. Muitos negócios do rico norte do país estão quase parados, e hotéis relatam uma onda de cancelamentos.

Embora o surto se concentre em um punhado pequeno de cidades da Lombardia e da vizinha Vêneto, as autoridades locais proibiram eventos públicos nestas regiões e fecharam escolas, universidades, museus, cinemas e teatros.

Uma lista crescente de países de todo o mundo relatou casos de coronavírus nos últimos dois dias por causa de contatos com a Itália. Israel disse nesta quinta-feira que está proibindo a entrada de não israelenses que visitaram a Itália nas últimas duas semanas.

A Agência de Proteção Civil italiana disse que, embora esteja aumentando o número de casos novos, são todos ligados a locais de contágio que foram descobertos na semana passada. A agência ainda disse que 278 dos infectados têm sintomas muito leves ou nenhum, e que 37 se recuperaram totalmente.

    Em um revés aos esforços para apresentar um quadro saudável da Itália ao mundo, o governador da região da Lombardia, Attilio Fontana, usou o Facebook para anunciar que se colocou em quarentena depois que um de seus funcionários contraiu a doença.

    “Por ora, não tenho nenhum tipo de infecção, por isso posso continuar a trabalhar… mas durante duas semanas tentarei viver em um tipo de autoisolamento”, disse ele, usando uma máscara cirúrgica.

    No dia anterior, especialistas médicos da Itália enfatizaram que usar tais máscaras não têm utilidade prática para as pessoas que não foram contaminadas.

    O partido de oposição Liga acusou o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, de administrar mal a crise, e nesta quinta-feira pediu a criação de um governo de união nacional.

    (Reportagem adicional de Angelo Amante, Elvira Pollina, Stephen Jewkes e Giselda Vagnoni)

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