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Opas: países devem se preparar para coronavírus mesmo sem declaração de pandemia

O médico Jarbas Barbosa, vice-diretor da Organização Pan Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a classificação de pandemia é feita quando há “transmissão sustentável” em vários países da doença. Por enquanto, a entidade classifica o surto como emergência internacional. Mas ele advertiu que, independentemente da nova posição da OMS, países têm de estar preparados para reagir rapidamente à chegada do novo coronavírus.

“A OMS está avaliando (se é pandemia ou não), mas mesmo sem uma denominação formal de pandemia, é certo que pode-se transmitir para outros países com relativa velocidade como está ocorrendo”, disse Barbosa. “É um aprendizado que tivemos na pandemia de 2009 (vírus H1N1). Alguns países da América Latina, quando já era perceptível que havia transmissão na comunidade, gastavam esforço para contenção. Analisavam a ponta do iceberg, em vez de já tomar decisões de mitigação, como adiar uma cirurgia eletiva para deixar um leito de UTI disponível”, completou o brasileiro, que atua na Opas em Washington.

Barbosa observou que o cenário é de redução de novos casos na China, epicentro do surto, mas há avanço em outros países. “Neste momento a gente tem boas e más notícias.” Segundo ele, medidas restritivas, como isolar cidades, têm de ser avaliadas com extrema cautela. “No caso da China, dados que se têm até agora parecem ser favoráveis. Aquelas medidas de redução do contato social podem ter reduzido a transmissão”, disse.

O médico destacou que o “estigma e a discriminação”, além de “inaceitável”, podem dificultar que um paciente busque um serviço de saúde por receio de sofrer represália. Ele também afirmou que impedir a circulação de mercadorias acabaria, em muitos casos, atrapalhando o tratamento de pacientes. A China, por exemplo, é grande exportadora de produtos para saúde e medicamentos.

Segundo Barbosa, a maior preocupação da Opas é com países das Américas que têm sistemas “frágeis” de saúde, como o Haiti, ou são pequenos e dependem do turismo como principal fonte de renda, como ilhas do Caribe. “Se chegar lá um cruzeiro com infectados, pode ser uma sobrecarga no sistema de saúde. Essas são as duas preocupações maiores.”

O vice-diretor da Opas disse que o Brasil tem bom sistema de vigilância e que medidas que o Ministério da Saúde têm tomado são “adequadas”. “Mas nenhum país está protegido de receber uma pessoa infectada”, lembrou.

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