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Estudo de especialistas do MIT que questiona fraude em eleição da Bolívia causa polêmica

Por Aislinn Laing

SANTIAGO (Reuters) – Um estudo de especialistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts dos Estados Unidos (MIT) que questionou a suposta fraude eleitoral que levou o presidente da Bolívia, Evo Morales, a renunciar desencadeou uma troca de farpas entre governos de esquerda e de direita da América Latina.

A análise de dois pesquisadores do Laboratório de Dados e Ciência Eleitorais do MIT, divulgada na semana passada, afirmou que a conclusão da Organização dos Estados Americanos (OEA) de que uma fraude ajudou Morales a vencer é falha, e concluiu ser “muito provável” que o presidente socialista tenha vencido a votação de outubro pelos 10 pontos percentuais necessários para se evitar um segundo turno.

Em um comunicado emitido na sexta-feira, a OEA rejeitou o estudo do MIT por não considerá-lo científico.

A Bolívia realizará uma nova eleição em maio.

Um porta-voz do MIT disse que o estudo foi realizado por seus pesquisadores de forma independente para o Centro de Pesquisa Econômica e Política, sediado em Washington, e que não reflete necessariamente a opinião da universidade.

O estudo levou Morales, que fugiu primeiro para o México e depois para a Argentina, a pedir no domingo que a comunidade internacional “democrática” monitore a eleição de maio cuidadosamente.

“Os golpistas pretendem desqualificar nossos candidatos”, escreveu Morales no Twitter.

O relatório da OEA citou várias violações no pleito, incluindo um servidor de computador secreto concebido para fazer a votação pender para Morales, que presidiu a Bolívia durante 14 anos. Morales renunciou em meio à violência desencadeada no país após as alegações de fraude eleitoral, declarando ser vítima de um “golpe”.

Ele disse que voltará à Bolívia, mas o governo interino o acusou de sedição e o impediu de concorrer a senador.

Líderes de vários países latino-americanos de esquerda que apoiam Morales se pronunciaram desde a divulgação do relatório do MIT, e o México pediu à OEA que esclareça suas conclusões.

O presidente socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou sua afirmação de que a OEA é uma ferramenta dos EUA, escrevendo no Twitter no domingo que o estudo do MIT é “mais uma prova de que o Ministério das Colônias (OEA) ameaça a vontade dos povos livres do continente”.

Ecoando os líderes conservadores da América Latina que defenderam a OEA, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse que a fraude na eleição boliviana foi “clara como a água”.

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