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Netanyahu volta a defender anexação de territórios palestinos antes de eleição

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, prometeu neste domingo, dia 1º, uma “rápida anexação” dos territórios palestinos no Vale do Jordão e das colônias na Cisjordânia ocupada, em uma última tentativa de mobilizar os eleitores conservadores na véspera da eleição de hoje, a terceira em menos de um ano.

No domingo, Netanyahu disse que a anexação de partes da Cisjordânia é uma de suas “quatro principais missões imediatas”, segundo declarações divulgadas em entrevista a uma rádio pública. “Será uma questão de semanas, no máximo dois meses, espero”, afirmou.

A eleição desta segunda-feira será a terceira em menos de um ano em Israel. Nas duas anteriores – em abril e em setembro – o Likud, partido de Netanyahu, ficou praticamente empatado com seu principal rival, o Azul e Branco, legenda de Benny Gantz. Em linhas gerais, os dois dividem o eleitorado com 25% dos votos para cada um.

A outra metade é fragmentada entre os partidos ultraortodoxos, as legendas de esquerda, a Lista Unida (coalizão de candidatos árabe-israelenses) e o Yisrael Beiteinu, partido do ex-chanceler Avigdor Lieberman, que é conservador, mas não tolera árabes e líderes religiosos.

A eleição do primeiro-ministro é definida pelo Parlamento de 120 deputados. Ganha quem obtiver a maioria de 61 votos. Nas duas últimas votações, as coalizões se aglutinaram ao redor do Likud e do Azul e Branco. Netanyahu tem apoio dos partidos religiosos. Gantz, que é um general conservador, é apoiado pela esquerda e pelos árabes – não pelo fato de ser progressista, mas simplesmente porque ele não é Netanyahu.

Das duas últimas vezes, Netanyahu e Gantz conseguiram formar coalizões de apenas 56 ou 57 deputados. Quem esteve ausente e é responsável pelo impasse é Lieberman. Ele não aceita formar um governo com Netanyahu em razão dos religiosos. Apesar de conservador, ele é secular e defende uma lei que obrigue os judeus ultraortodoxas a servir o Exército – mudança rejeitada pelos religiosos.

Ao mesmo tempo, o conservadorismo de Lieberman inviabiliza uma aliança com Gantz, porque a coalizão com a centro-esquerda envolve o apoio dos partidos árabes. “Não participaremos de nenhum governo que inclua os árabes”, disse o ex-chanceler. “A única solução é uma coalizão entre três grupos: nós, Gantz e Netanyahu.”

Mas, de acordo com as últimas pesquisas, dificilmente a terceira eleição mudará esse quadro. Netanyahu e Gantz obteriam votação parecida e fariam pouco mais de 30 deputados cada um, mesmo resultados das eleições anteriores. A outra metade se pulverizaria entre os partidos menores.

Como o voto não é obrigatório em Israel, Netanyahu e Gantz passaram as últimas horas de campanha tentando mobilizar suas bases eleitorais na tentativa de ganhar mais alguns votos. Se o premiê falou em anexações, para obter o voto de colonos e religiosos, Gantz partiu para o ataque contra Netanyahu, que foi indiciado, em novembro, por corrupção, fraude e violação de confiança.

O primeiro escândalo se refere ao “Caso 4000”, em que Netanyahu é acusado de dar concessões regulatórias a Shaul Elovitch, acionista controlador da empresa de telecomunicações Bezeq, em troca de cobertura favorável de seu site de notícias Walla. Já o “Caso 2000” é sobre um acordo entre Netanyahu e Arnon Mozes, dono do jornal Yediot Aharonot, por uma cobertura favorável em troca de ações governamentais contra o diário rival Israel Hayom.

Por fim, no “Caso 1000”, o premiê é acusado de fraude e de quebra de confiança por aceitar presentes caros de empresários ricos, entre eles o magnata de Hollywood Arnon Milchan, também em troca de favores.

“Netanyahu, olhe no meu olho”, disse Gantz na reta final da campanha. “Por causa de sua obsessão em fugir do julgamento, você está mentindo, atacando, dividindo, confundindo, espalhando rumores maliciosos e incitando as pessoas. Netanyahu, você está envenenando Israel. Você perdeu. Você não é digno de ser primeiro ministro nem por um único dia a mais.” (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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