Economia

Apreensão sobre coronavírus mantém volatilidade e Ibovespa recua

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – A bolsa paulista operava em queda nesta quinta-feira, em linha com os pregões na Europa e índices acionários norte-americanos, em meio à volatilidade gerada pelas incertezas sobre o efeito do surto de coronavírus na atividade econômica global.

Na cena corporativa os destaques estão na troca de comando da resseguradora IRB Brasil RE, afetada por crise de confiança, e resultado trimestral da CSN, com lucro acima do esperado pelo mercado, além de evento da Ultrapar com analistas e investidores.

Às 12:24, o Ibovespa caía 1,65%, a 105.458,97 pontos. O volume financeiro somava 6,9 bilhões de reais.

“No atual estágio do ciclo, será difícil de explicar ou prever todos os movimentos do mercado”, afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, em nota a clientes, avaliando que a dinâmica dos mercados parece muito com uma de fim de ciclo ou de crise econômica e/ou financeira.

“Este ainda não é o cenário base, mas seria extremamente arrogante de minha parte ignorar estes sinais”, afirmou, acrescentando que as perspectivas para o crescimento global, assim como o avanço do coronavírus, vetores intimamente ligados, devem dar o tom do humor global a risco.

O aumento da incerteza do cenário externo, combinado com a perspectiva de menor crescimento no Brasil, fez a XP Investimentos cortar previsão para o Ibovespa no final 2020 de 140.000 para 132.000 pontos, embora a estimativa para o final de 2021 tenha sido mantida em 140.000.

“Vemos impactos negativos no curto prazo para a bolsa brasileira, tanto em potencial impacto nos lucros quanto no múltiplo de avaliação (Preço/Lucro)”, afirmou o estrategista-chefe, Fernando Ferreira, em relatório enviado a clientes na noite de quarta-feira.

DESTAQUES

– IRB Brasil RE perdia 4,9%, mesmo após troca de comando da resseguradora, bem como promessa de encerramento de programa de bônus por valorização da ação a executivos e sinalização de revisão nos guidances para 2020. A empresa, porém, disse que não tem plano de mudar a sua política de contabilidade. As mudanças vêm em meio a uma crise de confiança na companhia, que culminou na queda de 32% das ações no fechamento da véspera.

– GOL PN e AZUL PN perdiam 5,8% e 6,1%, respectivamente, afetadas pela valorização do dólar ante o real, renovando cotação nominal recorde, chegando a 4,6305 reais na máxima do dia para venda até o momento. Além disso apreensões sobre o efeito negativo da disseminação global do novo coronavírus na demanda por viagens afeta a confiança dos investidores. CVC BRASIL ON mostrava declínio de 5,7%.

– ULTRAPAR ON recuava 5,8%, tendo no radar Investor Day da empresa, onde, entre outros pontos, anunciou que a Ipiranga deve adicionar de 200 a 250 novos postos à sua rede em 2020.

– CSN ON tinha alta de 0,4%, em desempenho melhor do que suas rivais USIMINAS PNA e GERDAU PN, que caíam cerca de 2%. A siderúrgica de Volta Redonda (RJ) reportou na noite da véspera balanço trimestral com lucro acima do esperado por analistas. Em teleconferência, executivos da companhia também afirmaram que a CSN elevou os preços a partir de março para distribuição e construção em 10%. Também afirmaram que a companhia avalia a possibilidade de fazer um IPO da área de mineração e deve fazer novo aumento de preços de aço no segundo trimestre. [nL1N2AY09T[

– VALE ON cedia 1,6%, contaminada pelo clima mais negativo a ativos de risco no exterior, acompanhando suas pares negociadas na Europa.

– PETROBRAS PN tinha queda de 1,2%, também na esteira da maior aversão a risco, além de fraqueza dos preços do petróleo Brent no exterior.

– ITAÚ UNIBANCO PN recuava 1,9% e BRADESCO PN perdia 1,25%, pesando no Ibovespa e sofrendo com o viés mais vendedor do mercado, que derrubava todo o setor.

– SMILES ON caía 4,1%. A empresa de programa de fidelidade, controlada pela Gol, disse mais cedo que assembleia geral extraordinária da companhia nesta quinta-feira não foi instalada em primeira convocação por falta do quórum necessário. A Gol, por sua vez, disse que sua AGE sobre a reorganização da companhia estava mantida para as 14h.

– RD ON avançava 2,4%, entre as poucas altas da sessão, tendo de pano de fundo o surto de Covid-19, com 4 casos da doença confirmados no Brasil e 530 suspeitos.

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