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Isolamento total contra vírus não pode durar mais de 30 dias, diz controlador da Ser Educacional

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil não deve permanecer mais do que 30 dias em isolamento horizontal contra o coronavírus sob o risco de causar graves danos à economia, disse nesta quinta-feira (26) o empresário Janguiê Diniz, presidente do conselho de administração do grupo Ser Educacional, que tem cerca de 200 mil alunos no ensino superior.
Para Diniz, que é também vice-presidente da ABMES (associação das mantenedoras de instituições de ensino superior), a fase em que toda a população fica isolada é importante, mas não pode ser superior a 30 dias. A medida é recomendada por especialistas da área da saúde e pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no combate à pandemia.
Ele também defendeu que os empresários do segmento cortem custos e suspendam contratos para superar a crise. Os comentários foram feitos durante reunião virtual promovida pela corretora de investimentos XP.
“É importante fazer um isolamento, mas é importante [também] que neste momento tão difícil seja o vertical, o de pessoas que mais precisam”, como idosos e pessoas de grupos de risco.
O empresário defendeu a posição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem pregado a retomada das atividades e o isolamento apenas de grupos de risco, contrariando infectologistas, governadores dos estados e orientações da OMS.
“Não comungo com os pensamentos do presidente, mas nesse particular eu estou seguindo as pegadas dele no sentido de que a gente não vai poder deixar o país parado por muito tempo. (…) As pessoas que trabalham hoje para comer amanhã já passam necessidade, daqui a pouco vai aumentar a violência, vai ter saque em supermercado”, afirmou.
O empresário afirma que um lockdown (bloqueio, em inglês) pode ser um remédio que mata mais que a pandemia e que poderia matar “mais CNPJs [empresas] que CPFs [pessoas]”.
Ao ser questionado se o Brasil deveria o primeiro país do mundo a adotar o isolamento vertical (apenas dos grupos de risco), o empresário disse acreditar que o presidente americano, Donald Trump, adotará a medida de maneira gradativa nos Estados Unidos.
Para Daniel Castanho, presidente do conselho de administração do grupo Ânima, que tem 118 mil alunos em suas instituições de ensino, as prioridades no momento devem ser aumentar a estrutura de saúde pública, manter o lockdown até que o pico da epidemia e dar assistência aos mais pobres.
“Precisamos entender que a favela não consegue [se isolar por muito tempo]. Tem que ter [isolamento] até o pico da curva, que deve ser mais ou menos em 15 de abril. Até lá, as comunidades morrem de fome. Temos que ter uma estrutura para entregar cestas básicas, entregar alimentos durante o mês para garantir que as pessoas fiquem em casa”, diz.
Chaim Zaher, fundador e controlador do Grupo SEB, que também participou da reunião, disse estar preocupado com a situação de crianças do ensino básico público, que recebem alimentação nas escolas.
Ao comentar o impacto da pandemia no setor educacional, Janguiê Diniz afirmou que o segmento pediu ao governo antecipação e expansão na liberação de créditos do Fies.
Ao dar conselhos a empreendedores, o empresário disse que o momento é de cortar custos e investimentos.
“Depois da pandemia, teremos uma grave crise de liquidez. O momento é de cortar custos pelos próximos meses. Dê férias individuais e coletivas, renegocie aluguéis e demais contratos, suspenda os contratos que sejam suscetíveis [à suspensão]”, disse.

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