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Ministro da Economia diz que é possível manter restrição de circulação por mais tempo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Paulo Guedes afirmou que os ministérios da Economia e da Saúde não possuem informações técnicas que permitam dizer que já chegou o momento de relaxar as medidas de restrição de circulação para combater o coronavírus no país. Para ele, é possível manter a quarentena por mais tempo se algumas atividades básicas de de abastecimento de alimentos e produtos médicos estiverem funcionando.
Guedes participou neste sábado (28) de videoconferência com representantes da XP Investimentos que questionaram o ministro, por exemplo, sobre boatos de que deixaria o governo e sobre qual seria o tempo necessário de quarentena, questão que gerou polêmica após as últimas manifestações do presidente da República.
“Quando é que é o isolamento ótimo? Eu não me arrisco em assuntos de saúde. Não é a minha especialidade. Você me perguntou se já há um entendimento entre o Ministério da Economia e da Saúde sobre a questão. Não temos conhecimento de saúde para saber se o isolamento deve ser de duas ou três semanas, se isso quebra a onda, ou dois ou três meses”, afirmou Guedes, que também negou estar demissionário, afirmou não estar doente e disse ter ficado sumido nesta semana por conta do ritmo intenso de reuniões sobre medidas econômicas.
“Eu sei a partir de quando a coisa começa a desorganizar no setor produtivo. Se nós conseguirmos manter alguns corredores abertos, a safra agrícola escoando, os caminhoneiros trafegando, os supermercados e farmácias, as coisas essenciais, se conseguirmos manter essa oxigenação do sistema econômico, pode até alongar um pouco o isolamento. Se for total, o fôlego é mais curto.”
Segundo o ministro, pode haver um momento em que os custos do isolamento total seja uma catástrofe econômica. Se, por outro lado, passasse do isolamento horizontal para o vertical, mantendo principalmente serviços básicos e infraestrutura, seria possível manter algumas restrições por mais tempo sem que a economia “degringole”.
Guedes afirmou que a briga política em torno da questão -gerada após o presidente da República atacar os governadores- mostra que não há um acordo das autoridades sobre a questão.
“Nós sabíamos, estávamos claramente a favor do isolamento no início, ninguém tinha dúvida disso. Num primeiro momento o isolamento é importante. Agora, se for um isolamento longo demais é uma catástrofe econômica. Se for curto demais, é uma catástrofe de saúde pública.”
O ministro afirmou que o tempo de restrição exigido pelas questões de saúde será, provavelmente, maior que o tempo que as empresas podem aguentar. Pesquisa da XP apresentada ao ministro mostrou que 60% das empresas consultadas disseram que não conseguem ficar paradas por um período de 30 a 60 dias.
“Se precisa de três meses, do ponto de vista de saúde, e do ponto de vista econômico depois de dois meses todo mundo vai abrir o bico, quer dizer que o [fim do] lockdown tem de começar um pouco antes do que a Saúde acha e um pouco depois, talvez, do que a Economia pense.”
O ministro afirmou que o país conseguiu “furar a primeira onda” e “achatar a curva” de aumento de casos, mas que há uma segunda onda que são os impactos econômicos da crise atual. Guedes disse, no entanto, que é necessário tomar cuidado para que não se caia na armadilha de liberar todas as atividades diante de uma possível queda nos índices de contaminação, diante do risco de que a volta das circulação de pessoas provoque um novo aumento de casos.
Questionado sobre o tempo que o governo precisa para viabilizar medidas de ajuda a empresas e trabalhadores informais, como a liberação de R$ 600 para pessoas de baixa renda e dinheiro para financiar a folha de pagamento, Guedes afirmou que em até duas semanas tudo precisa estar no lugar ou o governo terá falhado na execução dessas ações.
“A família chegou no final do mês agora, talvez ainda receba esse último salário, mas o próximo a gente não sabe. As empresas funcionaram até cinco, dez dias atrás, mas no mês que vem a gente não sabe. Então no mês que vem já tem de estar tudo no lugar. Senão nós falhamos no desafio da execução.”
O ministro estimou o pacote total de ajuda em quase R$ 800 bilhões e afirmou que o governo irá efetivamente injetar o equivalente a 8% do PIB (Produto Interno Bruto) na economia, percentual que já inclui medidas ainda não anunciadas.

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