Últimas Notícias

Na Suíça, negativa em cortar salário provoca demissão de 9 jogadores

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos efeitos mais imediatos da pandemia do novo coronavírus no futebol da Europa, depois da suspensão de quase todos os campeonatos (o de Belarus é exceção), foi a preocupação dos clubes com suas finanças.
Vários alardearam que, se os jogadores não concordassem em reduzir seus salários temporariamente, haveria enorme dificuldade para manter a solvência, já que receitas com ingressos, TV, patrocínios e merchandising serão fortemente afetadas.
O apelo funcionou pontualmente.
Na Alemanha, Borusssia Mönchengladbach e União Berlim, este promovido nesta temporada à divisão de elite do campeonato nacional, anunciaram que seus atletas aceitaram abrir mão dos salários –no caso da equipe da capital, integralmente.
Atletas de Bayern de Munique e Borussia Dortmund, os dois principais times da Bundesliga, terão corte, consentido, de 20% em seus vencimentos.
Na Espanha tem havido resistência. O elenco do Barcelona dividiu-se em relação à medida, e o clube a impôs unilateralmente, abrindo margem para atritos com Messi e companhia.
O salário do argentino, camisa 10 e capitão do time da Catalunha, é de € 8,3 milhões (R$ 47,3 milhões) por mês, de acordo com o jornal francês L’Équipe.
Atlético de Madrid e Espanyol também reduzirão os ganhos dos seus futebolistas independentemente de eles concordarem. “Há um único objetivo: assegurar a sobrevivência do clube”, justificou Miguel Ángel Gil Marín, diretor-executivo da equipe madrilenha.
Na Itália, a Juventus, atual octocampeã, acertou-se com o elenco, e a economia com salários será, no período de quatro meses, de € 90 milhões (R$ 512,7 milhões).
Inclusive Cristiano Ronaldo aceitou colaborar: o português “sacrificou” € 3,8 milhões (R$ 21,7 milhões) de seu recebimento anual, que é, segundo o L’Équipe, de € 54 milhões (R$ 307,6 milhões).
O caso mais chamativo até agora aconteceu na Suíça.
O FC Sion, duas vezes campeão nacional, demitiu nove jogadores -ou um terço do elenco principal- que se recusaram a ter o salário diminuído.
Três deles estiveram em Copa do Mundo: o zagueiro suíço (nascido na Costa do Marfim) Johan Djourou, o volante camaronês Alexandre Song, ambos ex-Arsenal (Inglaterra), e o atacante marfinense Seydou Doumbia.
Também tiveram os contratos rescindidos Ermir Lenjani, Xavier Kouassi, Mickaël Facchinetti, Birama Ndoye, Pajtim Kasami e Christian Zock.
“Não há por que manter jogadores que se recusam a se empenhar quando todo mundo está se empenhando”, afirmou o presidente do Sion, Christian Constantin.
“Eu lhes disse que a redução no salário deles seria praticamente o salário de duas ou três enfermeiras trabalhando duro hoje para salvar vidas.”
O Sindicato dos Jogadores de Futebol da Suíça considerou incorreta e ultrajante a atitude do clube.
“Não é aceitável esse tipo de comportamento”, declarou Lucien Valloni, que preside o sindicato.
“Se uma crise aparece, você tem que dar apoio aos seus funcionários -e não apontar um revólver para a cabeça deles, lhes dizer que têm 24 horas para decidir sobre uma redução salarial e, se eles se recusam, dispensá-los. Isso é um afronte.”
“Não foi um sinal de solidariedade. Estávamos buscando uma solução, e os atletas estavam prontos para ajudar os clubes. Um corte de salário, contudo, é prematuro”, prosseguiu Valloni.
Ele ressaltou que os jogadores, mesmo sem jogos, continuam a treinar em casa, individualmente. “Continuam trabalhando, então por que devem deixar de ser pagos?”, concluiu.
A Fifa tem recomendado a clubes e jogadores que cheguem a acordos amigáveis em relação à questão salarial durante o período da pandemia.
São quase 670 mil casos registrados da Covid-19, com mais de 31 mil mortes, em todo o planeta.
A entidade máxima do futebol também planeja despender recursos de seu caixa para auxiliar atletas que percam receita.
No Brasil, os clubes queriam reduzir os salários dos jogadores em 25%, porém a proposta foi rejeitada e decidiu-se por férias coletivas nos primeiros 20 dias de abril.

To Top