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Cidades restringem manutenção das redes de telefone e internet

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Operando com sobrecarga, as empresas de telefonia e internet não têm conseguido fazer instalações de emergência de antenas, cabos e fibras ópticas devido a restrições impostas por prefeituras que optaram por não acatar decreto de Jair Bolsonaro que incluiu as telecomunicações como serviço essencial. Em alguns casos, há sinais de queda de qualidade.
O isolamento levou a aumento médio de 40% no consumo de dados das residências nas quatro operadoras principais (Vivo, Claro, TIM e Oi) desde que o confinamento provocado pelo coronavírus começou a ser monitorado pelas teles, há duas semanas.
Técnicos das operadoras dizem que, por sorte, o crescimento do tráfego de dados não chegou ao patamar verificado na Europa. Por isso, não há aqui uma situação caótica.
Se o pico de uso da rede (internet) batesse entre 150% e 200%, haveria pane. Por enquanto, cresceu de 15% a 40%.
Como a rede é de cada operadora é compartilhada pelos clientes, a concentração em áreas residenciais acabou prejudicando a velocidade de conexão dos sistemas de hospitais, farmácias e supermercados em diversas cidades.
“Aqui em Campinas tem hospital reclamando de lentidão na rede, e isso está atrapalhando o atendimento daqueles que precisam de agilidade”, disse à reportagem o prefeito Jonas Donizette (PSB).
Na segunda (30), Donizette, que também preside a FPN (Frente Nacional de Prefeitos), publicou um vídeo no grupo de WhatsApp dos prefeitos em que defende a liberação total das atividades das teles, consideradas serviço essencial pelo decreto presidencial que definiu o estado de calamidade pública.
A entidade congrega 406 municípios com mais de 80 mil habitantes (isso engloba cerca de 60% da população e 75% da geração de riqueza do país).
No vídeo, Donizette diz ter decretado calamidade pública no município. O instrumento lhe permitiu liberar completamente a atividade das operadoras em Campinas.
Segundo ele, passado o período coberto pelo decreto, as teles apresentarão, em até um ano, a documentação exigida para a realização das intervenções no solo ou da instalação de equipamentos, como antenas, centrais e fibras ópticas.
Donizette considera que as prefeituras precisam seguir esse caminho para evitar o que a Feninfra (Federação Nacional de Instalação de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática) chama de “apagão das teles”.
“Um decreto de João Pessoa limitou a cem o número de pessoas por local de trabalho”, diz Viven Suruagy, presidente da Feninfra. “Há instaladoras com milhares de funcionários. Se não pudermos entrar nas cidades e nas casas vai ocorrer um apagão geral.”
Recomendações do MPT (Ministério Público do Trabalho) restringiram entre 30% e 50% o efetivo da força de trabalho das operadoras em Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro.
Em Macaé (RJ) e Teresina, a Claro, por exemplo, teve de recorrer à Justiça para que suas equipes pudessem prestar serviços –em campo e nas centrais de atendimento.
Para tentar contornar esses impasses, o Sinditelebrasil, que representa as teles, enviou ofício a todos os chefes de Executivos estaduais e municipais. Ao prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), a associação, com outras nove entidades, pede agilidade na liberação de instalação de antenas e do reforço na capacidade de transmissão das redes, além da exclusão do confinamento de “equipes de operação, manutenção interna, de campo ou serviços técnicos”.
À reportagem a gestão Covas disse que “a modernização da legislação é fundamental para a desburocratização dos processos de análise e modernização das aprovações” e que aguarda a tramitação de um projeto de lei na Câmara Municipal.
Segundo as empresas, há mais de 4.000 pedidos de instalação de antenas de celular aguardando aval de prefeituras no país. A espera pode durar mais de quatro anos.

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