Economia

Petróleo ficará baixo por coronavírus e não por disputas na Opep+, diz CEO da Petrobras

SÃO PAULO (Reuters) – Os preços globais do petróleo ficarão baixos pela queda acentuada da demanda decorrente da crise do coronavírus, e não por disputas entre a Arábia Saudita e a Rússia no âmbito da chamada Opep+, disse nesta quinta-feira o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

O executivo opinou ainda que a crise atual mostrará que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não tem mais a mesma relevância na determinação de preços da commodity.

Nesta quinta-feira, contudo, os preços do petróleo registraram os maiores ganhos diários da história, depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que espera que Rússia e Arábia Saudita anunciem um grande corte de produção, e de a imprensa estatal saudita noticiar que o reino convocou uma reunião emergencial de produtores para lidar com o atual cenário do mercado.

Castello Branco citou projeções de queda de demanda ao argumentar sobre o assunto, durante webinar realizado pela XP Investimentos.

A demanda global por petróleo pode cair em 20%, à medida que 3 bilhões de pessoas estão sob isolamento devido à pandemia, segundo avaliação da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

O executivo disse ainda que a anunciada redução na produção de petróleo da Petrobras nesta semana se deu porque, de outra forma, a empresa teria problemas de formação de estoques em um ambiente de consumo menor.

Segundo ele, se a empresa não reduzisse a produção em um ambiente de incertezas, teria de passar a armazenar o produto até mesmo em navios.

Na véspera, diante dos desafios impostos pela crise do coronavírus, a Petrobras anunciou que a produção de petróleo da estatal passará a sofrer cortes de 200 mil barris diários, em volume que incluiu uma redução anunciada em 26 de março, de 100 mil barris por dia, antes prevista para durar até o final do mês.

Ainda em função da crise, Castello Branco reiterou que a estatal está operando com menor taxa de utilização das refinarias, diante da queda do consumo de derivados de petróleo, e que isso resultará em uma leve redução da produção de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo, ou gás de cozinha), cujos compras explodiram recentemente diante de temores de escassez.

Em relação a isso, ele tranquilizou a população, lembrando que a Petrobras está importando o produto.

O executivo afirmou também que a estatal viu queda de cerca de 60% na demanda por gasolina no mercado interno e uma redução profunda no consumo de querosene de aviação.

Acrescentou que o Brasil tem escoado uma grande safra, o que tem garantido vendas de diesel, que ajudam a compensar em parte o recuo na demanda por outros combustíveis.

No lado externo, ele disse que a China voltou a comprar com mais intensidade petróleo da estatal, na medida em que o país asíatico está retomando atividades após a crise do coronavírus.

(Por Roberto Samora)

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