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Saúde prevê sobrevida de 35 dias de estoque de máscaras e luvas a profissionais de saúde

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio ao aumento crescente de casos do novo coronavírus, o Ministério da Saúde prevê que o estoque atual no país de equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas, tenha uma sobrevida de apenas 35 dias.
O valor considera o envio de 40 milhões de itens que foram distribuídos aos estados nesta semana e o montante que já existia nos estoques próprios das secretarias de saúde.
De acordo com o ministério, o valor já distribuído aos estados e municípios “é suficiente para os estoques locais por cerca de 20 dias, além daquilo que os gestores já possuíam”.
A reportagem apurou que, internamente, a pasta prevê que esse valor já existente “na ponta”, por compra de gestores locais, dure em média 15 dias -chegando, assim, a 35 dias.
O valor, no entanto, pode variar conforme a região e a pressão sobre a rede de saúde.
Na prática, a situação expressa a corrida vivida pelo SUS em busca de equipamentos.
Nesta semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou que parte das compras previstas de materiais para uso por profissionais de saúde havia “caído” após aquisição em massa dos Estados Unidos à China.
De acordo com a pasta, cancelamentos de entregas por fornecedores também tem sido frequentes, levando o ministério a recorrer até o quinto fornecedor da lista.
O ministério diz ter fechado uma compra de cerca de 200 milhões de máscaras. A previsão é que o material seja entregue até início de maio, o que garantiria estoques por 60 dias.
Mandetta, porém, tem dito que problemas anteriores nas compras geram insegurança na entrega.
“Só acredito na hora que estiver dentro do país e na minha mão. Tenho contrato, documento e dinheiro. Às vezes o colapso é quando tem dinheiro e não tem o produto. O mundo inteiro também quer. Tem problema de demanda hiperaquecida”, disse na quarta-feira.
Além das 200 milhões de máscaras, a pasta diz que pretendia finalizar nesta sexta a aquisição de mais 150 milhões de outros equipamentos de proteção, como álcool gel, capote, luva e óculos.
Questionado, o ministério não informou se a compra foi fechada. Recentemente, a pasta passou a estimular secretarias de saúde que também voltem a tentar adquirir produtos por conta própria, ao contrário de orientações anteriores.
A dificuldade na aquisição de equipamentos preocupa, diz Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de saúde. Ele diz não ter uma estimativa exata da duração, mas confirma os baixos estoques.
“Tem município que me ligou há duas semanas e disse que só tinha estoque para mais 30 dias. Passou 15 e não estavam conseguindo comprar”, afirma. “Vemos também estados segurando equipamentos para poder sobreviver.”
Um dos principais motivos para essa crise é o fato de boa parte da produção ser concentrada na China, país que teve a produção afetada pela crise do coronavírus. Outro foi a corrida atrás desses itens.
“Pagávamos há 40 dias uma máscara a R$ 0,04. Agora, já está sendo vendida a R$ 3 ou R$ 4”, diz Junqueira.
Para ele, com o retorno da produção pela China, a previsão é que a produção se regularize nos próximos meses. O problema é que a maior demanda por ocorrer antes disso.
“Vemos retenção sobre produção global de máscara. Estamos dialogando com os países para ter o mínimo de racionalidade e acharmos um equilíbrio”, disse Mandetta em coletiva de imprensa nesta sexta.
Segundo o ministro, medidas de distanciamento social têm ajudado a dar tempo para organização da rede enquanto ministério, estados e municípios tentam organizar os estoques.
“Não deixem o sistema entrar em espiral até estar preparado para atender”, afirmou.
Em Campinas, o secretário de saúde Cármino de Souza diz que, em meio aos baixos estoques, conseguiu adquirir EPIs no mercado nacional. A previsão é que o material dure três semanas, afirma.
Ele diz aguardar, agora, o recebimento de estoques extras enviados pelo ministério, ainda não recebidos.
Segundo ele, a compra feita pelo município teve dificuldade nos contratos e, no fim, acabou saindo por preços mais altos do que o esperado.
“Estamos comprando, mas dentro de uma dificuldade enorme, e num cenário de canibalismo, de especulação. Uma máscara eu comprei por R$ 3.”
Nos últimos dias, o município registrou aumento no número de internações pro síndrome respiratória grave, o que já mostra um aumento na pressão sobre a rede.
“Como o município é grande, estamos nos defendendo. Mas temos preocupação que falte EPIs. Já sabemos que muitos municípios não têm”, diz.
Questionada pela reportagem, a secretaria de saúde do estado de São Paulo diz que adquiriu 42,2 milhões de itens e tem feito compras diárias para que não haja falta.
Já a secretaria estadual do Rio de Janeiro informou que iniciou a distribuição de 5.000 máscaras de um tipo de máscara conhecida como face shield e recebidas por doação para hospitais e UPAs.
Diz ainda ter adquirido 2,5 milhão de itens, como máscaras cirúrgicas, óculos e aventais para abastecer unidades. A secretaria não informou a duração dos estoques.
Em nota, o Ministério da Saúde diz que “tem apoiado os estados e municípios na aquisição e distribuição de equipamentos de proteção individual no enfrentamento do coronavírus”.
“Contudo, há uma demanda mundial por conta da pandemia, o que tem trazido escassez e dificuldades na produção e entrega desses insumos no cenário internacional, mesmo após a celebração de contratos.”
A pasta diz ainda que tem lançado alternativas para permitir o maior número de participantes e ofertas por fornecedores.
“Cabe lembrar que, como já informado à imprensa, os valores estão acima daqueles normalmente praticados.”

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