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Bombeiro toca trompete em bairros do Rio durante isolamento contra coronavírus

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Do alto da escada Magirus do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, o subtenente Elielson Silva dos Santos, 37, não usa uma mangueira nem tira pessoas de um incêndio. Ainda assim, resgata pessoas.
Desde domingo (29), ele toca trompete em bairros da cidade para os moradores em isolamento social determinado pelo governo do estado para desacelerar a curva de contaminação do novo coronavírus.
A missão foi delegada a Elielson, há 18 anos bombeiro do Grupamento de Bombeiros Músicos, pelo comandante Roberto Robadey Jr, secretário estadual de Defesa Civil. Ele afirmou que se inspirou em iniciativa semelhante dos bombeiros da cidade alemã Düsseldorf.
“Estamos habituados com as praias e as ruas cheias. A tristeza não pode ter vez. E as pessoas devem continuar em casa. Então, resolvemos surpreender ao som de músicas populares e apreciadas pela sociedade. Uma maneira de nos comunicar com a população a quem servimos e também de reforçar que estamos sempre a postos”, disse Robadey Jr.
Nascido e criado na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro, Elielson começou a aprender a tocar trompete aos 7 anos com o avô Antônio Correa. Ele conta que foi graças ao esforço da mãe, a dona de casa Eunice Silva, e do pai, o estofador Eliseu Santos, que pôde aprender a tocar o instrumento.
“Mesmo sendo pobre, eles fizeram de tudo para que eu pudesse ter aulas e aprendesse a tocar”, contou.
Fã do trompetista norte-americano Chet Baker, Elielson recebeu como missão tocar quatro canções: o Hino Nacional, “Samba do avião”, de Tom Jobim, “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, e Cidade Maravilhosa, hino do Rio de Janeiro.
A apresentação que mais emocionou o bombeiro foi a realizada na Barra da Tijuca, na segunda (30), quando vários moradores o aplaudiram, ele foi filmado por drones e sua atuação viralizou nas redes.
Emocionado, Elielson executou uma canção não prevista em seu repertório: “Eu sei que vou te amar”, de Roberto Carlos.
“Minha função é imaterial. É resgatar a almas das pessoas nessa tragédia quase que psicológica”, disse.
Pai de Eleilson Junior, 9, ele também será pai de Benjamin em meados do ano. O bombeiro espera que o filho nasça num cenário da pandemia mais controlada. “Tiro a roupa toda antes de entrar em casa. Tenho que proteger minha família também.”
Quando a pandemia passar, o subtenente espera também retomar suas atividades nas horas vagas, em festas de aniversário e casamentos, pelo grupo Entreatto Coral e Orquestra.

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