América Latina

PGR vai investigar troca de chefe da PF do Rio anunciada por Bolsonaro

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – A Procuradoria-Geral da República vai investigar os motivos que levaram à troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Carlos Henrique de Oliveira, mudança que foi confirmada esta manhã pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista, segundo a Secretaria de Comunicação Social da PGR.

Essa investigação vai ocorrer no âmbito do inquérito, aberto na semana passada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro tentava interferir politicamente no comando da PF.

A troca confirmada pelo presidente foi um dos primeiros atos do novo diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza, que assumiu o cargo na véspera em cerimônia fechada com Bolsonaro e outras autoridades.

Oliveira deverá assumir a o cargo de diretor-executivo da PF, espécie de número 2 da instituição.

No pronunciamento que fez no último dia 24, quando pediu demissão do cargo, Sergio Moro relatou que houve intenção de Bolsonaro em trocar o chefe da PF no Rio, Estado que é a base eleitoral do presidente e sua família. Mas Moro disse na ocasião que não via “sinceramente” motivo para essa substituição.

A assessoria de comunicação da PGR explicou que não há como investigar os fatos do inquérito sem analisar a troca na chefia da PF no Rio. Entretanto, não haverá um ato formal específico sobre o assunto.

Souza virou chefe da PF após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ter barrado na semana passada a posse de Alexandre Ramagem para o comando da corporação policial. Moraes entendeu que havia indícios de que a nomeação de Ramagem poderia levar Bolsonaro a interferir em investigações.

O novo diretor-geral era braço-direito de Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Após o depoimento de Moro no sábado no âmbito do inquérito, no qual citou ministros que teriam tido conhecimento das pressões de Bolsonaro sobre a PF, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu uma série de diligências.

Aras quer, por exemplo, que os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, deponham no processo, além de ter arrolado para falar seis delegados da PF e requerido a realização de perícia no celular do ex-ministro para tentar confirmar as alegações dele.

O procurador-geral não se opõe à divulgação da íntegra do depoimento prestado por Moro no sábado, medida que foi sugerida pela defesa do ex-ministro nesta segunda. Cabe a Celso de Mello avaliar se aceita essa e as demais diligências requeridas pela PGR.

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