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Discussão sobre o combate ao coronavírus fica à margem da reunião ministerial

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A discussão de ações sobre a pandemia do coronavírus ficou à margem da reunião ministerial tornada pública nesta sexta-feira (22) por decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich, que fazia sua primeira reunião ministerial, focou sua intervenção na necessidade de mostrar à população que o governo teria o controle da Covid-19 para evitar a sensação de barco à deriva.
“E controlar a doença não significa que a gente vai curar a doença em uma semana, mas que a gente não é um barco à deriva e que a gente tem uma estratégia pra trabalhar essa a doença, né?”, afirmou Teich.
Teich afirmou que era necessário investir em informação, infraestrutura e logística para começar a planejar um horizonte de saída da pandemia sem medo.
“O que assusta é você ver que o hospital não consegue atender, é gente do frigorífico, é gente que está abrindo cova em algum lugar para enterrar, e isso traz medo. E o medo impede que qualquer outra atividade tenha sucesso”.
O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, completou o raciocínio. “Por quê? Porque se eu tiver os hospitais funcionando, eu vou ter os pacientes tratados, eu não tenho a sensação da crise, o medo melhora e o restante pode entrar. E a terceira coisa é a gente deixar claro um programa de saída do isolamento, do distanciamento. Não é que vá sair amanhã, mas a gente tem que ter um planejamento”, disse.
“Porque aí a gente realmente mostra que a… a situação está na nossa mão. Pode ser que demore um pouco, mas a gente está controlando esse processo, que a gente não está sendo um barco à deriva”, completou o chefe da Casa Civil.
Quando Teich e Braga Netto defenderam mostrar que o barco não estava à deriva, o país acumulava naquele 22 de abril, 2.924 mortes e 46.195 casos da Covid-19.
Nesta sexta, quando a reunião se tornou pública, já são mais de 20 mil mortes e 310 mil pessoas infectadas.
Teich acabou saindo da pasta antes de completar um mês a frente da Saúde.
O presidente Jair Bolsonaro deixou claro a ordem era evitar alarde. Conforme a Folha revelou, ele reclamou da divulgação de uma nota oficial da PRF (Polícia Rodoviária Federal) que lamentava a morte de um integrante da corporação por coronavírus.
No dia anterior à reunião, a PRF havia divulgado uma manifestação de pesar pela morte de Marcos Roberto Tokumori, 53, ocorrida naquela madrugada. Ele atuava em Santa Catarina.
Bolsonaro afirmou que ligou para o diretor-geral da PRF e questionou quais eram as comorbidades do policial. “Tinha um montão de coisa lá, para exatamente não levar o medo à população. Porque a gente olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que está bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com os colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Para tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população”, afirmou.
Bolsonaro só voltou à doença para reclamar do pedido feito para dar publicidade ao ser exame para detectar a Covid-19 e ao reclamar dos governadores, que para ele faziam uso políticos da pandemia.
“Acordem para a política e se exponham, afinal de contas o governo é um só. E se eu cair, cai todo mundo. Agora vamos ca… se tiver que cair um dia, vamos cair lutando, uma bandeira justa. Não por uma babaquice de… de… de exame a… antivírus, pô. Pelo amor de Deus, pô. Tá?”, cobrou Bolsonaro.
O presidente e os ministros citaram a palavra coronavírus oito vezes durante toda a reunião. O termo Covid é dito em outros sete momentos.
Nenhum outro ministro, para além de Teich, falou de algo sobre a estratégia em relação a doença.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que estava convencido de que o Brasil tem condições de, no pós-coronavírus, estar ao lado de “cinco ou seis países” à frente de uma nova ordem mundial.
Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, afirmou que o coronavírus era uma oportunidade de rever políticas publicas em relação a valores morais e criticou o que classificou de feminismo no Ministério da Saúde.

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