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Semana termina com centenas de demissões em redes de museus e teatro

SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A quinta (21) e a sexta (22) foram dias cravados de demissões em espaços e instituições importantes para a cultura, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os cortes estão relacionados à redução de receitas de museus e teatros, no Sesi e na Prefeitura do Rio de Janeiro, acentuadas após as determinações de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.
Na área cultural do Sesi, se considerado todo o estado de São Paulo, foram cerca de 60 demissões de um total de pouco mais de cem. Funcionários demitidos dizem que teatros que compõem a rede da instituição no interior paulistano ficaram sem operadores e sem capacidade de funcionamento. Os contratados foram demitidos em sua maioria por telefone, e a eles foi dito que o Sesi estuda a possibilidade de contratação após o fim da crise causada pela pandemia.
Por nota, a instituição disse que “a crise do coronavírus tem castigado todos os setores da economia” e que o Sesi-SP tem feito todos os esforços para preservar seu quadro funcional”.
Entretanto, prossegue o texto, “é impossível ignorar a queda de arrecadação causada pela desaceleração da economia, a redução compulsória de 50% da receita nesses meses e o nível de inadimplência, que é imprevisível”. A instituição diz que também está impossibilitada de manter funcionando as áreas esportivas.
A prefeitura do Rio, por sua vez, decidiu não renovar um contrato de fornecimento de mão de obra para centros culturais no município, o que levou à demissão de cerca de 60 pessoas em meio à pandemia. Os demitidos reclamam que estão com salários e benefícios atrasados.
O problema aflige trabalhadores de outros museus e centros culturais do país, que estão fechados desde o início das medidas de isolamento social para enfrentar o coronavírus. Segundo a Rede de Educadores de Museus, ao menos 35 instituições no país demitiram educadores.
No Rio, além dos centros culturais da prefeitura, houve demissões também em outras instituições públicas, como o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). Neste caso, as dispensas também ocorreram após o fim do contrato de fornecimento de serviços terceirizados.
A prefeitura do Rio disse que o contrato com a prestadora de serviços Single foi encerrado automaticamente ao fim do prazo estabelecido em contrato. Os funcionários -entre eles produtores culturais, assistentes e profissionais de comunicação e redes sociais- foram informados das demissões na quarta (20).
Eles dizem que desde outubro vinham recebendo salários atrasados e que a empresa não pagou a rescisão contratual. A prefeitura afirma que “está trabalhando para informar, o quanto antes possível, as datas dos pagamentos pendentes”.
A lista de equipamentos atingidos inclui o Centro de Arte Hélio Oiticia, o Centro Cultural Sérgio Porto, o Museu Histórico da Cidade e o Centro Oceanográfico, entre outros. Segundo a prefeitura, outros 40 empregados de outro contrato com a Single continuam trabalhando nos centros culturais.
No CCBB do Rio, foram demitidos quatro educadores e dois coordenadores após encerramento do contrato com a empresa Ja.ca Centro de Arte e Tecnologia, segundo ex-trabalhadores ouvidos pela reportagem. Antes da demissão eles foram colocados em férias coletivas por 15 dias.
O CCBB está na lista de entidades que já demitiram após a pandemia elaborada pela Rede de Educadores de Museus. Segundo a entidade, há também relatos de redução de jornada, suspensão de salários e acordos trabalhistas feitos segundo termos da nova legislação instituída após a pandemia.
A rede não sabe dizer, porém, o número total de demitidos no segmento. A pesquisa realizada pela entidade consultou profissionais em 147 instituições.
Uma das citadas, o MAM (Museu de Arte Moderna do Rio), diz que as demissões não tiveram relação com a pandemia, mas foram definidas a partir de “minucioso diagnóstico que avaliou as diversas áreas de atuação do museu”, como parte de reestruturação que vem sendo posta em prática desde o início do ano.
Segundo a reportagem apurou, foram ao menos dez pessoas, que representavam um quinto do quadro de funcionários do museu. A direção da instituição diz, porém, que desde o início do ano foram efetivadas 11 novas contratações.
Procurado, o CCBB ainda não comentou as demissões. A expectativa entre os demitidos é que novo contrato para recomposição do quadro de funcionários seja assinado quando o museu reabrir após o fim das medidas de isolamento social.

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