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Fenômeno do skate quer levar manobra inédita da casa da avó aos X-Games

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O skate faz parte da vida de Guilherme Zardo Khury desde antes do seu nascimento. Miniaturas de chocolate da prancha com rodinhas foram a lembrança distribuída pelos pais a parentes e amigos quando a criança veio ao mundo.
Onze anos depois, Gui Khury é um fenômeno do esporte. Foi o primeiro skatista a conseguir fazer um giro no ar de 1.080 graus sem perder o equilíbrio no half pipe, pista em formato de U com altura entre 4 e 6 metros.
O vídeo da manobra, publicado em sua conta do Instagram na semana passada, foi assistido 209 mil vezes até a noite desta segunda-feira (25).
“Não foi sorte, não. Acabei de acertar mais um”, afirma à reportagem o garoto que mora em Campo Largo (Grande Curitiba), no Paraná, e treina na pista montada nos fundos da casa da avó.
Ele começou a praticar aos 4 anos em uma escolinha no norte na Califórnia, nos Estados Unidos, onde a família tinha um restaurante. Foi quando chamou a atenção pelo talento.
“Até ali, o skate era apenas mais um brinquedo que ele tinha”, lembra o pai, Ricardo Sabóia Khury Filho, 45, que também colocou o garoto para treinar ginástica artística, tênis e futebol antes de ficar apenas com o skate.
Ele era sempre o menor de todos quando começou, principalmente quando praticava nas pistas maiores. Os skatistas mais velhos não acreditavam que aquele menino conseguia se equilibrar e fazer manobras em rampas usadas por adultos.
Não foi a primeira vez que Gui Khury ganhou notoriedade por uma manobra. Ele já havia sido o 16º skatista na história a conseguir completar o 900°, giro de duas voltas e meia no ar. Foi o mais jovem a fazer o 720° (duas voltas) e o 540° (uma volta e meia).
Essa obsessão de ser o primeiro fez com que a família construísse a pista nos fundos da casa da sua avó, que não poderia dizer não a um pedido do neto.
“Quando completei (o 1.080°), fiquei na dúvida se tinha realmente acertado. Foi um sonho, a melhor coisa que já me aconteceu. Pessoas do mundo inteiro me mandaram mensagens, algo incrível. Quando acertei, não consegui entender direito”, conta Guilherme.
Entre as mensagens, estavam as de celebridades que se tornaram amigos no mundo do esporte, como Sandro Dias, o Mineirinho. As mais especiais foram dos ídolos do pré-adolescente: o brasileiro Bob Burnquist e o americano Tony Hawk, dois dos maiores nomes da história da modalidade, que será olímpica a partir dos Jogos de Tóquio, adiados para 2021.
O garoto fica sem palavras para explicar o que significa já ser conhecido por eles.
Na casa de Burnquist nos Estados Unidos, Gui Khury andou na megarrampa de 170 metros de comprimento e até 27 metros de altura. Passou a ser seu sonho ter uma dessas em casa. A pergunta que está em sua sua cabeça é: se já consegue quebrar recordes no half pipe, o que faria com uma pista tão maior?
“Temos esse projeto, mas precisamos de patrocinadores. Ainda mais com o dólar na cotação atual”, diz Ricardo, que afirma ter espaço físico para transformar o desejo em realidade. Na casa da avó de Gui, claro.
A quarentena causada pela pandemia da Covid-19 tem sido boa para ele na parte esportiva. Tem treinado mais do que as duas horas diárias costumeiras, já que a escola está fechada e aulas ocorrem de forma online.
Os convites para competições no exterior, porém, foram cancelados por causa do coronavírus. Neste ano, ele iria à Suécia participar do mundial vertical, torneio que venceu em 2019. Também viajaria à Inglaterra. O seu maior objetivo, por enquanto adiado, é estar nos X Games, que seriam disputados em julho, em Minneapolis, nos Estados Unidos. Gui Khury participaria na megarrampa e no vertical.
“Ele adora competir, e você nota que, quando participa das competições, o Gui evolui muito durante elas”, afirma Ricardo.
Foi no X-Games que seu ídolo Tony Hawk se tornou o primeiro skatista a conseguir a manobra de 900 graus, em 1999, num dos momentos mais importantes da história desse esporte. E é onde Gui Khury planeja fazer o mesmo 1.080° que conseguiu nos fundos da casa da avó.

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