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EXCLUSIVO-Sanofi para de recrutar pacientes de Covid-19 para testes de hidroxicloroquina

Por Matthias Blamont

PARIS (Reuters) – A Sanofi <SASY.PA> interrompeu temporariamente o recrutamento de novos pacientes de Covid-19 para dois testes clínicos de hidroxicloroquina e não fornecerá mais o remédio para tratar a doença até as dúvidas a respeito de sua confiabilidade serem esclarecidas, informou a farmacêutica nesta sexta-feira.

A decisão veio depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) parar seu grande teste de hidroxicloroquina, o que levou vários governos europeus a proibirem o uso do remédio, que é recomendado para tratar malária, artrite reumatoide e lúpus, mas que não tem comprovação de eficácia contra a Covid-19.

Tratou-se de um golpe duro na esperança de um tratamento, tal como alardeado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto farmacêuticas e governos correm para encontrar maneiras de tratar pacientes e controlar o novo coronavírus.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro também é um ardoroso defensor do uso da cloroquina, da qual a hidroxicloroquina deriva, no tratamento da Covid-19.

A Sanofi vinha realizando dois testes clínicos aleatórios e controlados de hidroxicloroquina contra Covid-19.

Esperava-se que o primeiro testasse 210 pacientes dos EUA, França, Bélgica e Holanda no estágio inicial da doença que não estavam hospitalizados, e o segundo se concentraria em cerca de 300 pacientes hospitalizados com Covid-19 moderada ou grave na Europa.

O recuo da OMS resultou de um relatório publicado pelo periódico científico britânico The Lancet segundo o qual os pacientes que receberam hidroxicloroquina apresentaram taxas maiores de arritmia cardíaca e mortalidade.

Nesta sexta-feira, o Lancet emitiu uma correção do estudo relacionada à localização de alguns pacientes depois de receber críticas à sua metodologia, mas disse que as conclusões não se alteraram. O estudo não foi um teste aleatório, mas uma análise retrospectiva de registros médicos.

A Sanofi e a rival Novartis <NOVN.S> prometeram doar dezenas de milhões de doses do medicamento para Covid-19. No mês passado, a empresa francesa disse que já dobrou sua capacidade de produção em oito instalações e que se prepara para aumentá-la ainda mais.

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