Agronégocio

Grande safra indiana deve aumentar pressão sobre mercado do algodão

Por Swati Verma e Rajendra Jadhav

BANGALORE/MUMBAI (Reuters) – Os planos de produtores indianos de plantar uma área recorde com algodão neste ano vão renovar as pressões sobre o valor global da fibra, já fortemente afetado pela pandemia de coronavírus.

Até 12 de junho, agricultores do principal país produtor de algodão do mundo haviam plantado uma área 23% maior que a verificada no ano anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura do país –encorajados depois de o governo elevar seus preços de compra para apoiar produtores prejudicados pelo “lockdown” de quase dois meses, que fechou usinas têxteis.

Os preços globais do algodão caíram mais de 11% neste ano, à medida que a pandemia atinge a demanda de consumidores e leva lojas de roupas ao fechamento, ampliando os recuos já registrados durante a guerra comercial entre Estados Unidos e China, quando o país asiático interrompeu compras do algodão norte-americano.

Além da demanda mais fraca de marcas e varejistas, os altos níveis estocados para esta e para a próxima temporada, bem como os preços mais baixos do poliéster, vão pressionar as cotações da fibra, disse em relatório o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC, na sigla em inglês).

As compras feitas pelo governo indiano tornaram o algodão mais lucrativo do que o milho e a soja, segundo Arun Sekhsaria, diretor-gerente da exportadora D.D. Cotton.

Neste momento, os preços do algodão na Índia são os mais baixos do mundo, de acordo com a Associação Indiana do Algodão. Especialistas do ICAC esperam que as exportações do país saltem para 0,89 milhão de toneladas em 2020/21, versus 0,53 milhão de toneladas em 2019/20.

Mas analistas afirmam que o preço baixo não é suficiente para compensar a demanda afetada pelos fechamentos generalizados de lojas e fábricas em meio à pandemia.

“Nos principais centros de fiação do Sudeste Asiático, já começamos a ver apetite reduzido por importações de algodão”, disse Charles Clack, analista do Rabobank na Austrália e Nova Zelândia.

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