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Produção de trigo no Brasil pode crescer 30% em 2020, diz Safras

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – A produção brasileira de trigo pode avançar cerca de 30% na temporada de 2020, para 6,6 milhões de toneladas, estimou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado, considerando uma base pequena para comparação devido a problemas climáticos ocorridos na safra passada.

Ainda assim, o número supera a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que projeta colheita de 5,7 milhões de toneladas do cereal no país neste ano.

Segundo o analista da Safras & Mercado Jonathan Staudt, houve seca no Paraná e no Rio Grande do Sul no período em que os produtores pretendiam dar início ao plantio da cultura e isto gerou atrasos na semeadura que se refletem até os dias atuais.

“O plantio em ambos (os Estados) está atrasado. Atualmente, Paraná está com 82% da área semeada e Rio Grande do Sul com 43%. No mesmo período do ano passado eram 87% e 55%, respectivamente”, disse o analista em videoconferência.

A postergação nos trabalhos ainda não traz grande preocupação para as estimativas de produção, porém podem movimentar os preços internos do cereal e alterar o calendário de abastecimento.

“O atraso no Rio Grande do Sul preocupa um pouco mais, mas mesmo assim a perspectiva de colheita é otimista para os dois maiores Estados produtores.”

Enquanto isso, o mercado segue abastecido pelas importações. De agosto do ano passado a maio deste ano, o país importou 5,7 milhões de toneladas de trigo para abastecer os moinhos brasileiros, afirmou Staudt.

Entre agosto de 2020 e julho de 2021, as compras externas do cereal estão estimadas pela consultoria em 6,7 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno supera 12 milhões de toneladas.

“O câmbio acima de 5 reais torna os custos elevados para a indústria de trigo, devido à paridade de preços com a importação e complica para moinhos menores. Há relatos de moinhos que suspenderam as atividades”, disse o analista.

Neste cenário, a indústria vem repassando os preços mais elevados com a matéria-prima e, de acordo com Staudt, até meados de agosto e setembro as cotações do cereal tendem a seguir em alta.

“Enquanto o câmbio estiver alto e as paridades de importação continuarem nesse patamar, a indústria vai continuar repassando a despesa ao consumidor final.”

(Por Nayara Figueiredo; edição de Roberto Samora e Luciano Costa)

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