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Igreja da Inglaterra precisa rever estátuas relacionadas à escravidão, diz arcebispo

LONDRES (Reuters) – A Igreja da Inglaterra deve rever estátuas e monumentos em seus locais de adoração para garantir que qualquer pessoa ligada à escravidão seja removida ou receba o contexto apropriado, disse nesta sexta-feira seu líder espiritual, Arcebispo da Cantuária Justin Welby.

A Igreja Anglicana, parte central da vida pública e da governança inglesa há séculos, é a mais recente instituição a refletir sobre seu papel após protestos mundiais desencadeados pela morte de George Floyd sob custódia policial nos Estados Unidos.

Welby, o clérigo mais graduado da comunidade anglicana em todo o mundo, afirmou que o perdão por questões raciais é necessário, mas que só pode ocorrer depois que medidas apropriadas forem tomadas.

“Se você der uma volta na Catedral da Cantuária, existem monumentos por toda parte, ou na Abadia de Westminster. Estamos vendo tudo isso. Alguns terão que ser deslocados”, disse Welby em entrevista à BBC.

Solicitado a esclarecer se as estátuas precisavam ser removidas da Catedral da Cantuária, Welby alegou que essa decisão não era sua.

“Vamos pensar com muito cuidado, colocá-las em contexto e ver se todas devem estar lá”, afirmou. “A questão surge, é claro que sim.”

Manifestantes em Bristol, oeste da Inglaterra, derrubaram neste mês uma estátua em homenagem a Edward Colston, comerciante de escravos do século 17 que usou seus lucros como doação para escolas e instituições de caridade na cidade que continuam levando seu nome.

Autoridades locais na Inglaterra e no País de Gales, lideradas pelo opositor Partido Trabalhista, disseram que vão rever estátuas e monumentos públicos. O Banco da Inglaterra também informou que irá verificar se ainda há fotos em exibição de ex-governadores que tinham ligações com o tráfico de escravos.

Welby defendeu imagens de Jesus como europeu –o que alguns ativistas dizem que reforçam ideias de superioridade racial branca–, mas afirmou que agora é comum nas igrejas anglicanas, que tem cerca de 85 milhões de seguidores em 165 países, retratá-lo como compartilhando a etnia dos fiéis.

“Você entra nas igrejas deles e não vê um Jesus branco. Você vê um Jesus negro, ou um Jesus chinês, ou um Jesus do Oriente Médio –que obviamente é o mais preciso– ou um Jesus de Fiji.”

(Por David Milliken)

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