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Cafeicultores do Brasil veem boa qualidade da safra à medida que colheita avança

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – Produtores de café do Brasil, maior produtor e exportador global da commodity, sinalizaram na noite de quinta-feira que a safra nacional será volumosa e terá boa qualidade, com as condições climáticas favorecendo os trabalhos de colheita até o momento.

Mesmo as áreas que terão uma produção abaixo do potencial em volume, como o Cerrado Mineiro, deverão ter uma safra de alta qualidade.

“A colheita atingiu até o momento em torno de 30%… por enquanto as bebidas estão excelentes, bom percentual de peneiras 16 acima”, disse o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sergio de Assis.

Durante uma live promovida pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), ele observou que a colheita na região atrasou em função da maturação mais tardia, mas isso não chega a ser um problema.

“Iniciamos a colheita com muito (café) cereja, 60%…”, ressaltou, explicando que à medida que os trabalhos avançaram o índice de grãos vermelhos diminuiu.

“Colheita muito boa, o produtor está fazendo sua parte, se o clima ajudar, teremos colheita de excelente qualidade”, afirmou Assis.

Ele lamentou que o volume colhido na importante região do Brasil ficará abaixo do potencial e apontou a safra do Cerrado em 6,5 milhões de sacas de 60 kg.

Assim como o Cerrado Mineiro, a região da Alta Mogiana paulista, também importante produtora de café arábica, deverá ter uma safra de ótima qualidade, se o clima continuar favorável, segundo Carlos Yoshiyuki Sato, presidente da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec).

Ele disse que a colheita 2020 deverá atingir cerca de 3,6 milhões de sacas, enquanto a cooperativa deverá receber entre 50% a 55% do total esperado da safra na região.

Na área, onde 90% da colheita é mecanizada, os trabalhos vão se intensificar entre julho e agosto. Até o momento, cafeicultores que atuam na região da Cocapec colheram aproximadamente 30% da área.

Para o produtor e consultor de Cafés Especiais das Matas de Minas Sérgio Cotrim D’Alessandro, que também participou da live do Cecafé, a produção da região deverá se recuperar na comparação com uma fraca safra de 2019, somando 8 milhões de sacas em 2020.

Ele disse que a região, que cultiva cafés de altitude, tem visto uma “maturação uniforme e frutos graúdos” até o momento, e estimou que 40% da área já está colhida.

Cafés de qualidade conseguem maior valorização no mercado, uma boa notícia em meio à pandemia. Representante do setor notaram ainda que as cotações estão remuneradoras, mas muito em função do câmbio, que deixa os valores em reais mais altos.

O Brasil está colhendo uma safra de alta no ciclo bianual do arábica, que oscila períodos de produtividades maiores e menores.

CONILON

Para o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória, Marcio Candido Ferreira, o Espírito Santo deverá colher 12 milhões de sacas de café conilon, o que seria uma queda de aproximadamente 1 milhão de toneladas ante a temporada passada.

Contudo, ele destacou que os estoques de passagem atingiram níveis historicamente altos, somando 3 milhões e 3,5 milhões de sacas em 30 de abril.

Na Bahia, outro importante produtor de conilon, a produção foi estimada em 2,8 milhões de sacas, crescimento 400 mil sacas ante a temporada passada, disse Ferreira.

Enquanto no Espírito Santo 85% da colheita já foi realizada, na Bahia está praticamente encerrada, completou.

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