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Filipinas proíbem frango do Brasil por medo de coronavírus; Aurora não é notificada

MANILA (Reuters) – As Filipinas impuseram uma proibição temporária às importações de carne de frango do Brasil nesta sexta-feira depois que uma cidade na China disse ter encontrado traços do novo coronavírus em carregamentos de alimentos congelados importados, incluindo asas de frango do país sul-americano.

As autoridades da cidade de Shenzhen identificaram o frango como proveniente de uma fábrica de propriedade da Aurora Alimentos, a terceira maior exportadora de aves e suínos do Brasil.

O Brasil tem o segundo pior surto de Covid-19 do mundo, depois dos Estados Unidos, registrando mais de 3,2 milhões de casos e mais de 105.000 mortes desde o início da pandemia.

“Com os relatórios recentes da China e em conformidade com a Lei de Segurança Alimentar do país para regulamentar os operadores de empresas de alimentos e proteger os consumidores filipinos, é imposta a proibição temporária da importação de carne de frango”, disse o Departamento de Agricultura em um comunicado.

O órgão não disse por quanto tempo a proibição seria aplicada.

O Brasil, maior exportador global de carne de frango, responde por cerca de 20% das importações do produto das Filipinas.

Em linha com o posicionamento dado na véspera, a Aurora disse nesta sexta-feira, por meio da assessoria de imprensa, que não foi formalmente notificada pelas autoridades chinesas sobre a suposta contaminação.

Em nota, a companhia havia alertado que isto se trata “apenas de fato originário de notícia veiculada em imprensa local daquele país asiático, sem qualquer confirmação oficial por parte da autoridade pública nacional da China”.

A empresa afirmou que toma todas as medidas possíveis para prevenir a propagação do coronavírus e que não há evidências de que o coronavírus seja transmitido através dos alimentos.

O Ministério da Agricultura do Brasil disse que está buscando esclarecimentos das autoridades chinesas.

O Departamento de Agricultura das Filipinas garantiu ao público, no entanto, que os produtos de frango atualmente no mercado local eram seguros para o consumo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse na quinta-feira que não vê nenhuma evidência de que o coronavírus se espalhando por alimentos ou embalagens e pediu às pessoas que não tenham medo de que o vírus entre na cadeia alimentar.

Até esta sexta-feira, a China não havia imposto qualquer embargo adicional à carne brasileira, após as notícias de Shenzhen, conforme registros aduaneiros na China.

O país asiático chegou a impor embargos a seis unidades produtoras do Brasil anteriormente, diante das preocupações com o coronavírus. No caso da Agra Agroindustrial de Alimentos S.A, o país asiático já levantou a suspensão.

SEM NOTIFICAÇÃO

Procurada, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse em nota que ainda não foi informada oficialmente sobre eventual suspensão das exportações brasileiras de aves para as Filipinas.

“Se confirmada, a ABPA apoiará o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a apresentação dos esclarecimentos, já que se trataria de uma decisão sem fundamentação técnico-científica e pendente de esclarecimentos e demonstrações”, acrescentou.

A ABPA também ressaltou que não há evidências científicas de que a carne seja transmissora do vírus, conforme ressaltam a OMS, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Ao mesmo tempo, o setor exportador brasileiro reitera que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global.”

(Por Enrico Dela Cruz, com reportagem adicional de Roberto Samora e Nayara Figueiredo, em São Paulo)

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