Agro

Escassez de mão de obra afeta investimentos da China em soja na Rússia

Por Polina Nikolskaya

MOSCOU (Reuters) – Os investimentos da China no cultivo de soja em uma região próxima à fronteira do país com a Rússia estão enfrentando dificuldades pelo segundo ano consecutivo, com a crise da Covid-19 gerando uma grande escassez de mão de obra no local um ano depois de a área passar por graves inundações.

As fazendas do Oblast Autônomo Judaico, uma área escassamente povoada no extremo leste da Rússia, atraíram há alguns anos as atenções de investidores chineses, que notaram a oportunidade de cultivo em um local ignorado pelos agricultores russos.

A China é a maior importadora global da oleaginosa, e vem tentando reduzir sua dependência da oferta dos Estados Unidos, uma vez que a soja esteve envolvida no recente conflito comercial entre os países.

A maior parte dos trabalhadores rurais nas fazendas de propriedade chinesa no Oblast Autônomo Judaico é formada justamente por chineses, considerando a população reduzida da região, que fica a 8 mil quilômetros de Moscou –isso dificulta a contratação de russos para um trabalho sazonal.

Mas o fechamento da fronteira terrestre em 31 de janeiro e a paralisação dos serviços aéreos entre Rússia e China a partir de 14 de fevereiro reduziram drasticamente a mão de obra disponível na região.

“A situação está muito difícil porque a fronteira está fechada”, disse um chinês que administra uma fazenda no extremo leste russo –ele conseguiu plantar apenas 500 hectares neste ano, ante 1.500 hectares em 2019, pois as máquinas quebraram e não havia ninguém para consertá-las.

Alexander Nikiforov, gerente de outra fazenda que pertence a chineses, afirmou que não pôde contratar trabalhadores sazonais provenientes da China, e que também não conseguiu encontrar uma quantidade suficiente de habitantes locais para os trabalhos.

“Ninguém veio. Nós só pagamos os salários dos dois guardas”, acrescentou. Neste ano, Nikiforov não semeou um único metro quadrado dos 2.500 hectares que gerencia.

As fazendas de propriedade chinesa conseguiram plantar 14.167 hectares neste ano, apenas 25% da área originalmente projetada, disse o governo local à Reuters.

(Reportagem de Polina Nikolskaya)

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