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Imigrantes dormem ao relento em Lesbos após incêndio; moradores rejeitam abrigo

Por Lefteris Papadimas

LESBOS, Grécia (Reuters) – Milhares de imigrantes continuavam retidos sem abrigo na ilha de Lesbos pelo terceiro dia nesta sexta-feira, dormindo nas ruas ou em campos perto do maior campo de refugiados da Grécia desde que um incêndio devastou o local.

O vasto acampamento de Moria, já notório devido às más condições de vida, chegou a abrigar mais de 12 mil imigrantes, quatro vezes mais do que sua capacidade declarada. O incêndio desta semana o reduziu a uma massa de aço fumegante e barracas derretidas.

O governo grego disse ter conseguido milhares de barracas para oferecer um abrigo temporário aos imigrantes. Uma balsa de passageiros atracou no porto da cidade de Mitilene para ajudar a proporcionar ajuda.

Mas os planos de Atenas sofrem grande resistência de autoridades e moradores locais, que temem que os abrigos temporários se transformem em outro acampamento de imigrantes permanente.

“É uma oportunidade trágica para os imigrantes partirem… Moria é uma monstruosidade”, disse Dimitris Koursoubas, autoridade graduada responsável pela migração às ilhas do norte do Mar Egeu, à Reuters. “Queremos todos os imigrantes fora, por razões nacionais. Moria acabou.”

Inicialmente acolhedores, os moradores da ilha, que esteve na linha de frente da crise imigratória europeia de 2015-2016, se tornaram em grande parte hostis à medida que a população do acampamento aumentou. A maioria dos imigrantes é do Afeganistão e da Síria.

Milhares de imigrantes dormiram em acostamentos e campos pela segunda noite na quinta-feira. Outros acamparam em um cemitério.

“Moria acabou”, disse Zohra, uma afegã de 25 anos. “Estamos há dois dias na estrada, sem água, sem alimento, muito frio de noite.”

Alguns países da União Europeia se ofereceram para receber os refugiados, disse o ministro da Migração grego, Notis Mitarachi, na noite de quinta-feira, sem dar detalhes. Cidades e governos regionais da Alemanha também se ofereceram para acolher pessoas, mas isso só pode acontecer se o governo federal de Berlim der permissão.

“Moria está aqui para nos lembrar de uma Europa que precisamos mudar”, disse a vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, que visitou Lesbos, à Agência Nacional de Atenas.

Alguns membros da UE, como Hungria e Polônia, já haviam se recusado enfaticamente a receber qualquer um dos imigrantes que têm chegado ao sul da Europa nos últimos anos.

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