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No WhatsApp, bolsonaristas rejeitam apoio a Russomanno

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A entrada tardia de Celso Russomanno (Republicanos) na disputa à Prefeitura de São Paulo deixou eleitores bolsonaristas na cidade frente a um dilema.

Desde o início da semana, eles se perguntam se é o caso de apoiar um candidato que representa como poucos a velha política e que nunca teve uma ação genuinamente conservadora -mas que pode ser a única opção de alguém que tenha relação com o governo de Jair Bolsonaro.

O debate mobilizou um grupo de WhatsApp que a reportagem acompanha, nos últimos dias.

Na manhã de terça (15), o ativista Jody postou uma foto do pré-candidato com os dizeres “Vamos apoiar Russomanno”. Menos de um minuto depois, outra participante do grupo, Carla, respondeu: “Não”.

Mais tarde, Angela reforçou: “Não mesmo”. (Os integrantes do grupo são aqui tratados apenas pelo primeiro nome).

O mesmo Jody admitiu em seguida que sua defesa era sem muita convicção. “Russomanno é um verme, mas quem pode ser? Nomes?”, perguntou ao grupo, que reúne 220 participantes de movimentos pró-Bolsonaro.

A grande dificuldade enfrentada pela base do presidente é a falta de uma candidatura “puro sangue” ligada a ele.

Opções como Levy Fidelix (PRTB) não têm viabilidade eleitoral. Outros que têm buscado um discurso para esse público, como Filipe Sabará (Novo) e até Marcio França (PSB), são tidos como oportunistas. Direitistas como Joice Hasselmann (PSL) e Arthur do Val (Patriota) são “traidores”.

A pré-candidatura mais radical, de Ribas Paiva (PTC), pecuarista que defende intervenção militar, não vingou por desistência dele próprio.

Russomanno, assim, vem sendo tratado como uma opção de voto útil para barrar a vitória de candidatos “esquerdistas”, como explicitou Jody.

“Vêm [Guilherme] Boulos e [Bruno] Covas aí, não vamos planejar nada?”, perguntou.

Sylvia, outra militante, concordou com a observação, mas pediu mais cautela antes de uma decisão, em razão do histórico do deputado.

“Russomanno pode até ser opção, mas assim como o Levy [Fidelix], não é totalmente conservador. Digo mais, nem é conservador mesmo. Quantas vezes esteve em manifestação nesses anos todos? Vamos ficar atentos com [o risco de] precipitação”, afirmou.

“Nós temos que deixar esses nomes conhecidos, deixar as pesquisas de lado e trazer alguém [novo]”, pediu Angela, sem, contudo dizer quem poderia ser essa opção.

O desânimo do grupo foi bem resumido por Maria. “Estamos no mato sem cachorro, justo em São Paulo”, afirmou.

O deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP), aliado do presidente, atribui essa falta de empolgação da militância à ausência de compromisso dos pré-candidatos com a agenda e o discurso conservadores.

“O cara para ser bolsonarista tem de ter posições bem definidas”, afirma. Não seria o caso de Russomanno.

“Russomanno não foi uma candidatura construída com as mãos do presidente. Mas pode crescer e virar um fenômeno parecido com o do Lula: perde e de repente a população concorda que é a vez dele.”

O cenário poderá mudar, acredita D’Avila, caso Bolsonaro faça um gesto firme de apoio à candidatura de Russomanno, abandonando a promessa de se manter neutro na eleição paulistana.

A tendência é que Russomanno tente agradar à base bolsonarista externando posições mais conservadoras durante a campanha e abrindo artilharia pesada contra Bruno Covas e o governador João Doria (PSDB), desafetos do presidente.

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