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Batalhão investiga se PMs alteraram local em que jovem foi morto no ABC

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Militar de Diadema (ABC) investiga se policiais do 24º Batalhão adulteraram a cena de um crime, ao manusear uma arma de fogo que teria sido usada na morte de Bruno Gomes de Lima Simon Fuentes, 23 anos, após o jovem supostamente reagir a uma abordagem policial, por volta das 23h20 do último dia 10.

Uma foto que está nas mãos da Corregedoria da PM mostra um policial manuseando um objeto, semelhante a uma pistola, na mão de Fuentes, que está caído no chão e aparentemente inconsciente. Até o momento, dois PMs foram afastados das ruas e realizam trabalhos administrativos enquanto o caso é investigado. Eles não constituíram advogado de defesa, segundo o próprio batalhão.

A mesma imagem também é analisada pela Polícia Civil, conforme afirma nota da SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB).

“Essa foto em si já gerou suspeita e isso não pode acontecer. Essa arma já deveria estar num saco plástico, ou de volta ao coldre do policial. Ela não poderia ficar se movimentando, transitando desta forma”, disse na manhã desta segunda-feira (16) o tenente-coronel Vlamir Luz Machado, comandante do 24º BPM

O oficial acrescentou que a arma usada pelo policial deveria já estar preservada para ser apreendida e entregue à Polícia Científica para passar por perícia. “Não tem mais o que voltar [a arma] para a mão da vítima, não pode. Este tipo de manipulação não dá”, afirmou o comandante.

Os PMs envolvidos na ocorrência afirmaram em depoimento à Polícia Civil que o garupa de uma moto pilotada por Fuentes teria tapado com uma das mãos a placa do veículo, logo após avistar uma viatura da Polícia Militar. Por causa disso, uma perseguição teve início.

Uma câmera de monitoramento registrou o momento em que a moto Honda CG 160 passa em alta velocidade pela rua Pedro José de Rezende, seguida por uma viatura do 24º Batalhão da PM. Alguns metros adiante, Fuentes teria perdido o controle do veículo, provocando a queda dele e do garupa, de 22 anos.

O garupa se rendeu de imediato, enquanto Fuentes teria tentado subir novamente na moto para fugir, segundo boletim de ocorrência. Um PM saiu da viatura, com arma em punho, ordenando para que Fuentes se rendesse, também segundo o BO.

“O suspeito virou-se, avançou na sua direção [do policial] e tentou desarmá-lo. Naquele momento entrou em luta corporal com o agressor, com troca de agressões mútuas, havendo um disparo na direção do agressor, que o atingiu na região do pescoço”, diz trecho do documento policial

Após isso, a pistola ponto 40 do policial foi entregue a um tenente do 24º BPM, ainda de acordo com boletim de ocorrência, que apreendeu o armamento e, segundo o tenente-coronel, o entregou ao Instituto de Criminalística para análise.

Antes da chegada do tenente, porém, policiais manusearam a arma usada na intervenção, segundo registrado em uma foto.

O oficial do 24º BPM acrescentou que o fato de os policiais mexerem na arma pode ser caracterizado como “fraude processual”. “O que se supõe, ao se ver a imagem, é talvez fraude processual, uma adulteração de local de crime. Por mais que provas anteriores caminhem, entre aspas, de forma legítima, não posso forjar provas no local para querer reafirmar aquilo que está sendo dito”, afirmou o oficial, se referindo ao fato de que os policiais envolvidos no caso afirmarem que Fuentes foi baleado após partir para cima de um deles.

Ainda de acordo com o tenente-coronel, um novo Inquérito Policial Militar deve ser instaurado para investigar a conduta dos PMs registrada na foto. Caso for provado a participação de mais agentes, eles também serão responsabilizados.

Além disso, um socorrista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) será intimado para prestar um novo depoimento, pois ele aparece na foto observando os policiais ao lado da vítima.

O caso é investigado pelo Setor de Homicídios e de Proteção à Pessoa de Diadema e pela Corregedoria da PM e foi registrado no 3º DP da cidade.

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