Africa

Etiopia anuncia entrada de tropas na capital de Tigré

Por Giulia Paravicini

ADIS-ABEBA (Reuters) – A Etiopia anunciou que suas tropas estavam marchando na capital da região de Tigré nesta terça-feira após o final de um prazo para que forças rebeldes se rendessem em meio a um conflito de duas semanas que está desestabilizando o Chifre da África e alarmando o mundo.

“O ato crítico final de imposição da lei será realizado nos próximos dias”, disse o primeiro-ministro, Abiy Ahmed.

Líder africano mais jovem e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2019, Abiy lançou ataques aéreos e uma ofensiva terrestre no dia 4 de novembro depois de acusar antigos camaradas e o partido governista local, Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), de revolta armada.

Líderes de Tigré disseram que Abiy, de 44 anos, que pertence aos oromos, o maior grupo étnico do país, os persegue e os expurgou do governo e de cargos de segurança desde que tomou posse, em 2018.

Forças de Tigré lançaram foguetes contra a Eritreia, acusando forças do país vizinho de ajudarem o governo etíope –uma alegação refutada por Asmará.

Mas os lançamentos de foguetes agravaram um conflito que já matou centenas –uma fonte diplomática disse milhares– e fez cerca de 30 mil refugiados fugirem para o Sudão.

“Como eles puderam matar seus próprios irmãos e irmãs? Este não é o nosso costume”, disse Fitawrari Million, que mora em Adis-Abeba, a respeito dos líderes de Tigré durante uma manifestação em homenagem a soldados federais.

A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que uma “crise humanitária de grande escala” está se desenrolando. Como as comunicações estão praticamente desativadas e a mídia foi banida, a Reuters não conseguiu verificar de maneira independente as afirmações de nenhum dos lados nem a situação local.

“As pessoas estão saindo da Etiopia muito assustadas, e relatos dizem que estão fugindo de combates intensos e que não há sinal de que os combates irão parar”, disse Babar Baloch, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em uma entrevista coletiva em Genebra.

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