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Dólar tem alta nesta 6ª com cautela sobre vírus, mas caminha para perda semanal

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar subia ante o real nesta sexta-feira, revertendo queda registrada nos primeiros minutos de pregão, à medida que a forte disseminação global da Covid-19 dava argumentos para realização de lucros depois de a moeda norte-americana ter tocado mínima em dois meses na véspera.

Segundo analistas, o mercado digeria ainda comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre chances de redução da dívida pública por meio de vendas de reservas internacionais –estratégia já citada por ele em outras ocasiões.

Às 10h51, o dólar avançava 0,62%, a 5,3459 reais na venda. Logo no começo do pregão, a moeda desceu a 5,2855 reais (-0,52%), mas ganhou força na sequência, batendo uma máxima de 5,3503 reais (+0,70%). O real tinha um dos piores desempenhos entre as principais moedas nesta sessão.

Segundo João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos, o fator que ajudou a reverter o movimento de arrefecimento do dólar nesta manhã foi o temor em relação à disseminação global do coronavírus.

Em meio a saltos recordes nos casos, várias economias europeias já retomaram a imposição de “lockdowns”, enquanto o número de pacientes hospitalizados com a Covid-19 nos Estados Unidos saltou quase 50% nas últimas duas semanas, forçando alguns Estados a estabelecer novas restrições para conter a propagação do vírus.

“Ao mesmo tempo que há esperança sobre uma vacina, os investidores têm receios em relação ao aumento de casos de Covid-19” e suas consequências econômicas, disse Freitas.

Durante a semana, as farmacêuticas norte-americanas Moderna e Pfizer e a chinesa Sinovac divulgaram resultados encorajadores sobre seus testes em estágio final de vacinas para a Covid-19, com autorização e distribuição nos Estados Unidos para vacinas das duas primeiras podendo ficar prontas dentro de semanas.

Mesmo com a alta desta sessão, o dólar ainda caminhava para perdas de cerca de 2,5% ante o real nesta semana, impactado pelo otimismo do início da semana com os desenvolvimentos das vacinas e expectativas de mais estímulos nos EUA.

No cenário doméstico, Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, chamou atenção para declarações de Guedes na véspera, “quando falou que a dívida tem que cair e a maneira de fazer isso é vender ativos, privatizar, desalavancar os bancos públicos e até vender um pouco de reservas”.

João Vitor Freitas, da Toro Investimentos, voltou a destacar o foco dos agentes financeiros na situação fiscal. “O risco de furo no teto (de gastos) é monitorado de perto”, disse.

A saúde das contas públicas do Brasil tem dominado a atenção dos agentes, em meio a dúvidas sobre como o governo conciliaria um novo programa de assistência social com um Orçamento apertado para 2021.

Na quarta-feira, a agência de classificação de risco Fitch Ratings reafirmou a nota de crédito soberano “BB-” para o Brasil, com perspectiva negativa, e apontou os riscos fiscais do país.

No ano de 2020, impulsionado também por um ambiente de juros extremamente baixos, o dólar acumula alta de 33% contra o real.

Na última sessão, o dólar spot registrou queda de 0,45%, a 5,3131 reais na venda.

O Banco Central anunciou para esta sexta-feira leilão de swap cambial tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.

(Edição de José de Castro)

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