Agência Brasil

1,3 milhão de pessoas acima dos 60 anos deixaram de trabalhar na pandemia

Além de serem considerados grupo de risco da Covid-19, pessoas da terceira idade dentro de casa também correm outros riscos emocionais

A pandemia do novo coronavírus impactou diretamente a economia nacional, em especial a classe trabalhadora que acabou perdendo seus empregos em grande escala. No entanto, outro cenário também se revelou nesse período: 1,3 milhão de pessoas acima dos 60 anos de idade deixaram de trabalhar ou de procurar emprego devido aos riscos de infecção pelo vírus SARS-coV-2.

Os dados são comparativos entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. De acordo com Luciana Fontes, superintendente do CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos), muitos idosos são responsáveis pela renda das famílias brasileiras.

“O preocupante desse número é que 5 milhões de famílias tem como fonte de renda apenas a renda do idoso. Em 20% das famílias, a renda do idoso representa metade da receita da casa”, destaca Luciana. Vale lembrar que, por serem aposentados ou pensionistas do INSS, muitos idosos contam com acesso ao consignado, uma das modalidades de crédito com menor juros do mercado financeiro, e assim sustentam filhos, netos e outros dependentes.

As informações da superintendente são baseadas nos números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, e podem ser cruzadas com outras análises, como a pesquisa do iDados, que revela que o número de residências chefiadas por idosos com dependentes aumentou em 541 mil durante a pandemia.

Essa alta foi provocada, especialmente, pelo desemprego que, entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano subiu de 11,6% para 13,8%. O fator, inclusive, atingiu 13,13 milhões de pessoas, sendo o maior índice registrado desde 2012 (IBGE). Quanto a isso, a coordenadora de economia do Insper, Juliana Inhaz, explica que “sem emprego, familiares passam a depender dos mais velhos, muitos deles aposentados”. Portanto, nesse cenário de instabilidade, quem reside com os pais evita mudar de residência e quem antes morava fora da casa dos pais, ao encarar o desemprego, voltam.

Todos esses dados também revelam uma preocupação com a saúde emocional de pessoas com 60 anos ou mais. Além de serem considerados grupo de maior risco de contaminação da Covid-19, uma pesquisa desenvolvida pela Bayer, mostrou que 22,8% dos idosos, em todas as regiões do Brasil, não leem ou praticam atividades que estimulem o cérebro. A longo prazo, obviamente, esse comportamento pode acarretar no surgimento de Alzheimer precoce e outras doenças, como depressão.

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