Agro

Testagem para coronavírus sufoca comércio de carne bovina na China

Por Hallie Gu e Dominique Patton

PEQUIM (Reuters) – Em um supermercado no centro de Pequim, prateleiras de geladeiras que costumavam ficar cheias de bifes provenientes do mundo todo estão vazias, à medida que processos mais rígidos de testagem para o novo coronavírus na China criam gargalos na oferta e aumentam os preços para os importadores.

Remessas frescas de carne bovina demoram dias para chegar, disse à Reuters um vendedor do Carrefour local, que pertence à Suning.com –se chegarem. Isso representa um grande revés para o setor em um dos períodos mais movimentados do ano.

“A possibilidade de obtermos os suprimentos –e quanto– continua sendo uma questão”, afirmou o vendedor, que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a falar com a imprensa.

A Suning não respondeu de imediato a um pedido por comentários.

A China começou a testar lotes importados de carnes e frutos do mar congelados e resfriados para o coronavírus em junho, mas aumentou as inspeções de forma significativa no início deste mês, após trabalhadores portuários em várias cidades testarem positivo para a Covid-19, doença causada pelo vírus.

As novas medidas, que incluem uma testagem muito maior de produtores do que antes e ações adicionais de desinfecção, estão elevando os custos para os importadores, além de aumentar o tempo e a burocracia do processo, em uma indústria habituada a trabalhar com velocidade para garantir o frescor.

O movimento está prejudicando especialmente o crescente comércio de carne bovina, avaliado em 8,65 bilhões de dólares no ano passado, à medida que alguns importadores reduzem suas compras em função dos custos mais elevados e da demanda mais fraca motivada pelo temor do coronavírus entre consumidores.

Em Tianjin, porto mais importante do norte da China para carregamentos de carnes, o comércio foi praticamente interrompido após um trabalhador testar positivo para Covid-19 neste mês.

“Os pedidos de carne bovina importada caíram pela metade, pois nossos clientes estão preocupados com a Covid recentemente”, disse um operador do mercado de bovinos em Tianjin.

Um importador de carne bovina com base no sudoeste chinês, de sobrenome Fu, disse que reduziu as importações para menos de um quarto dos volumes dos anos anteriores, mesmo com a China entrando no período de pico de demanda que antecede os feriados do Ano Novo e Ano Novo Lunar.

Após reduzir as compras do produto australiano, agora Fu está diminuindo as importações provenientes de outras origens, incluindo Brasil, Argentina e Belarus.

“Este ano tem sido realmente miserável”, disse.

(Reportagem de Hallie Gu, Dominique Patton e Redação Pequim)

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