Brasil

Pazuello diz que doses de vacina da AstraZeneca chegam ao país entre janeiro e fevereiro

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira que as primeiras doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 chegarão ao país entre janeiro e fevereiro do próximo ano.

O ministro ressaltou, em audiência pública em comissão do Congresso Nacional que acompanha as ações do governo relacionadas à crise do coronavírus, que o governo já liberou recursos para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem acordo com a farmacêutica para receber os insumos farmacêuticos e produzir o imunizante no Brasil.

“Então, eu ressalto, para deixar claro, que, em janeiro e fevereiro, já começam a chegar 15 milhões de doses dessa Encomenda Tecnológica da AstraZeneca/Oxford com a Fiocruz”, disse Pazuello a parlamentares.

“E, no primeiro semestre, chegamos a 100 milhões de doses. No segundo semestre, já com a tecnologia transferida, pronta, nós poderemos produzir com a Fiocruz até 160 milhões de doses a mais –só aí são 260 milhões de doses”, explicou.

O ministro lembrou que o contrato de Encomenda Tecnológica (Etec) celebrado com a AstraZeneca “em um esforço de pesquisa e desenvolvimento com escalonamento da produção” irá permitir a disponibilização de 100 milhões de doses da vacina para o Brasil, além da transferência total de tecnologia.

Pazuello afirmou ainda que o próximo ano apresenta um “cenário mais interessante”, com a promessa de vacinas em diversos países.

“Estamos trabalhando para que o Brasil conte com as melhores vacinas disponíveis e possa imunizar, e bem, a nossa população”, disse o ministro.

Pouco depois, na mesma audiência pública, o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, reconheceu que há possibilidade de utilização de mais de uma vacina para a imunização, de forma a ampliar a oferta e atender grupos diferentes da população de maneira mais direcionada.

Pazuello aproveitou, aliás, para lembrar que o Brasil aderiu ao Covax Facilities, instrumento da Organização Mundial da Saúde (OMS) que pretende garantir preço e acesso a vacinas, à medida que os medicamentos comprovem sua eficácia.

“Esse consórcio já reúne dez fabricantes. O Brasil aderiu a esse consórcio desde o desenvolvimento de todas as dez vacinas, já com a opção de compra e recebimento de 42 milhões de doses, que poderão ser de uma das dez fabricantes que estão dentro do consórcio”, disse o ministro, acrescentando que fazem parte do grupo a AstraZeneca e a Pfizer, farmacêutica norte-americana que desenvolve imunizante com a empresa alemã BioNTech.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, que também participou da audiência, afirmou que a pasta trabalha com todas as alternativas e negou que haja restrição a qualquer dos imunizantes.

“Nós não estamos excluindo nenhum imunobiológico ou qualquer aspecto ideológico para evitar algum tipo de vacina, seja por aspectos logísticos, seja por país de origem onde ela está sendo desenvolvida”, disse Franco.

“Nós estamos conversando com os laboratórios, conversando com os produtores, verificando qual é a capacidade de oferta em escala, os aspectos do desenvolvimento da fase 3 dessa vacina, aspectos de segurança e eficácia, os públicos prioritários, o custo, qual a capacidade de oferta em escala para o governo brasileiro, para que nós possamos inseri-la no Programa Nacional de Imunização e, assim, fazermos o desenho final do programa. Então, não há restrição nenhuma; não há essa premissa nos nossos trabalhos”, explicou o secretário-executivo.

Em outubro, o ministro da Saúde chegou a anunciar, acompanhado de governadores, a compra da potencial vacina da chinesa Sinovac contra a Covid-19. Mas a decisão foi desautorizada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia seguinte.

Bolsonaro tem desmerecido a vacina chinesa em diversas ocasiões. Desenvolvida pela chinesa Sinovac, a CoronaVac é testada no Brasil pelo Instituto Butantan, vinculado ao Estado de São Paulo. O presidente trava uma guerra política com o governador do Estado, João Doria (PSDB).

Os técnicos e o ministro bateram na tecla que o plano de operacionalização da imunização já conta com diretrizes principais, mas só pode ser definido a partir do registro das vacinas na Anvisa. Só assim, explicaram, poderão definir estratégias de distribuição e logística.

“Eu só posso definir exatamente a operacionalização do plano quando a Anvisa registrar uma vacina, porque eu não posso dizer agora que será registrada a vacina A, B ou C se essa vacina efetivamente não for registrada pela Anvisa com características de segurança e de eficácia”, disse Medeiros.

“Então, não é que o plano não esteja pronto. O plano está pronto e esse adendo da operacionalização de qual ou quais vacinas serão distribuídas dependerá da aprovação da Anvisa”, concluiu o secretário de Vigilância em Saúde.

A farmacêutica britânica AstraZeneca anunciou que a vacina que vem desenvolvendo tem alta eficácia, baixo custo de fabricação e a facilidade de ser transportada e armazenada em temperaturas normais de geladeira. A da Pfizer, por outro lado, que mantém negociações com o governo brasileiro, precisa ser transportada e armazenada a -70 graus Celsius.

A chinesa CoronaVac também pode ser armazenada em temperatura de geladeira de 2 a 8 graus Celsius, e pode permanecer estável por até três anos.

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