Brasil

Ernesto Araújo condena invasão ao Congresso dos EUA, mas sugere investigar “infiltrados”

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, condenou nesta quinta-feira em uma rede social a invasão da sede do Congresso dos Estados Unidos ocorrida na véspera, mas sugeriu que se investigue a participação de “elementos infiltrados” no ato.

“Há que lamentar e condenar a invasão da sede do Congresso ocorrida nos EUA ontem (quarta)”, disse o chanceler brasileiro, em sua conta no Twitter.

“Há que investigar se houve participação de elementos infiltrados na invasão”, emendou ele.

Apesar da declaração de Araújo, não há nenhuma evidência de que tenha havido a participação de infiltrados na invasão realizada por apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, que, de forma inédita, invadiram a sede do Legislativo daquele país e impediram temporariamente a realização da sessão que eventualmente certificou a vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial de novembro.

Numa série de tuítes, o chanceler brasileiro afirmou ainda que há que se “deplorar e investigar a morte de quatro pessoas”, incluindo uma manifestante, pró-Trump, atingida por um tiro dentro do Congresso.

Tanto Araújo como o presidente Jair Bolsonaro apoiaram a reeleição de Trump.

Nesta quinta, Bolsonaro disse que o Brasil poderá passar em 2022 por uma situação pior do que a dos EUA na véspera se não for adotado o voto impresso. Desde a sucessão de 2018, quando venceu no segundo turno em votação feita por urna eletrônica, ele tem dito –sem evidências– que há fraude no atual sistema de votação brasileiro.

O ministro das Relações Exteriores disse que é preciso reconhecer que “grande parte do povo americano” se sentiu “agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral”.

“Há que distinguir ‘processo eleitoral’ e ‘democracia’. Duvidar da idoneidade de um processo eleitoral NÃO significa rejeitar a democracia. Ao contrário, uma democracia saudável requer, como condição essencial, a confiança da população na idoneidade do processo eleitoral”, disse.

“Há que parar de chamar ‘fascistas’ a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições. Deslegitimar o povo na rua e nas redes só serve para manter estruturas de poder não democráticas e seus circuitos de interesse”, emendou.

O chanceler afirmou ainda que “nada justifica” uma invasão como a da véspera. “Mas ao mesmo tempo nada justifica, numa democracia, o desrespeito ao povo por parte das instituições ou daqueles que as controlam”, disse.

“O direito do povo de exigir o bom funcionamento de suas instituições é sagrado. Que os fatos de ontem em Washington não sirvam de pretexto, nos EUA ou em qualquer país, para colocar qualquer instituição acima do escrutínio popular”, concluiu.

(Reportagem de Ricardo Brito)

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