Economia

Tensão externa dá espaço para realização e Ibovespa cai aos 123 mil pontos

Preocupação com o aumento de casos de covid-19 no mundo gera apreensão nos mercados. O Ibovespa opera na faixa dos 123 mil pontos, enquanto o dólar superou R$ 5,50 (R$ 5,5028, na máxima intradia) pela primeira vez desde 13 de novembro, pressionando as taxas de juros no mercado futuro, que têm altas superiores a 2% em sua maioria.

Em meio ao crescimento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no planeta e também no Brasil, há o temor dos efeitos das ações de suspensão de atividades nesses locais, que ainda estão tentando recuperação dos impactos da pandemia iniciada em meados de fevereiro passado.

Temores ligados à política nos EUA, onde parlamentares pedem o impeachment do presidente Donald Trump, após os ataques ao Congresso americano, também geram cautela. Além disso, o quadro político brasileiro também fica no radar, principalmente no envolvendo o debate sobre a imunização contra o novo coronavírus e adoção de ações para conter a doença em algumas cidades. Isso pode fortalecer a discussão sobre medidas de ajuda, o que é assunto polêmico por causa das contas públicas.

Governadores querem fechar com o Ministério da Saúde a data entre 22 a 27 de janeiro para começar a vacinação. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ressaltou nesta manhã a importância da ciência neste momento de pandemia, afirmando que a medicina está salvando mais de 97% das pessoas que são contaminadas. Disse que os Estados têm material para iniciar a imunização contra a doença no País. Afirmou ainda que o governo federal pode requisitar seringas e agulhas e complementar com o que for necessário.

Após Belo Horizonte o Amazonas adotaram medidas de restrição social para conter a covid-19, a BRMalls informa que apenas as operações de serviços essenciais estão autorizadas a operar dentro dos shopping centers. As atividades comerciais estão temporariamente suspensas nas respectivas regiões indicadas.

Enquanto a vacina não chega, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chamou o presidente Jair Bolsonaro de “covarde” em uma publicação no Twitter, e ainda o culpou pelas mais de 200 mil mortes causadas pela covid-19 no País.

“Ambiente externo de maior cautela e incertezas domésticas com o cenário político e fiscal devem pesar negativamente nos preços dos ativos”, diz nota da MCM Consultores.

Ainda que o clima de tensão prevaleça nos mercados, o recuo na B3 é “natural”, associado a uma realização de lucros. O Ibovespa acumulou valorização de 5,09% na semana passada, fechando aos 125.076,63 pontos, em novo recorde histórico (em alta de 2,20%). Em Nova York e na Europa as bolsas também foram às máximas.

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, seria fora do comum se não houvesse um ajuste após os altos inéditos recentemente das bolsas. No entanto, ele pondera que o investidor precisa ficar atento ao avanço da pandemia e das variantes do vírus no mundo, assim como no Brasil.

“A Alemanha fala que o pior está por vir segundo a chanceler Angela Merkel”, afirma Perfeito. Outro ponto, acrescenta, é quanto à possibilidade de novos estímulos de trilhões de dólares nos EUA para conter os impactos da covid-19, que podem ter impactos variados. “O investidor ficará de olho como esse dinheiro terá impacto nos lucros das empresas na Bolsa. Ao mesmo tempo, pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas.”

Depois dos ganhos robustos este ano, as ações ligadas a matérias-primas também devolvem ganhos, ajudando a empurrar o Ibovespa para baixo. No porto chinês de Qingdao, hoje o minério de ferro fechou em baixa de 0,54%, a US$ 172,13 a tonelada. O petróleo, que também cai no mercado internacional, é outro vetor de baixa na B3.

Às 10h42 desta segunda-feira, 11, as ações da Petrobras cediam 2,12% (PN) e 1,80% (ON), enquanto Vale ON perdia 1,99%. O Ibovespa caía 1,09%, aos 123.716,66 pontos, após máxima aos 125.075,18 pontos e mínima aos 123.512,44 pontos. O dólar subia 1,41%, a R$ 5,4928, após máxima a R$ 5,5088.

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