Coronavírus

Após festas de fim de ano, internações sobem em hospitais particulares e públicos da cidade de São Paulo

Após festas de fim de ano, internações sobem em hospitais particulares e públicos da cidade de São Paulo. As internações por Covid-19 voltaram a subir nos hospitais particulares e públicos de São Paulo após o período de festas de final de ano.

Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, hospitais municipais como o Guarapiranga e o Parelheiros e o Hospital São Luís Gonzaga, todos na Zona Sul da capital, já não têm mais vagas nas enfermarias, que estão 100% ocupadas. Outros cinco hospitais estão com índice acima de 80%:

  • Hospital da Cruz Vermelha: 95%
  • Sorocabana (Lapa): 90%
  • Carmen Prudente (Centro): 80%
  • Capela do Socorro (Zona Sul): 80%
  • Cruz Vermelha (Centro)
  • Bela Vista (Centro) 78%
  • Ignácio Proença de Gouvêa (Mooca) 77%

A Grande São Paulo tem nesta terça-feira (12) mais de 2.100 pacientes internados nas enfermarias – 15% a mais do que sete dias atrás. Nas UTIs são mais de 1.400 – avanço de 2%.

Na capital, a pressão sobre as enfermarias é um pouco maior. Os 1.138 pacientes internados representam um aumento de 16% em uma semana. Nas UTIs são quase 900 pacientes – 0,5% a mais.

Entre 3 e 11 de janeiro, a Prefeitura de São Paulo aumentou em 53 o total de leitos de enfermaria (+8%) e em 10 o total de leitos de UTI (+1%). Mas o total de pacientes cresceu mais:

  • Leitos de enfermaria: total subiu de 691 para 744 (+8);
  • Pacientes em enfermaria: total subiu de 409 para 467 (+14%);
  • Leitos de UTI: total subiu de 966 para 976 (+1%);
  • Pacientes em UTI: total subiu de 589 para 646 (+10%).

Levantamento feito pelo G1 entre os principais hospitais privados da capital aponta uma elevação expressiva na rede particular. Alguns dos consultados pela reportagem registram taxa de ocupação de leitos superior a 90%:

O Hospital Israelita Albert Einstein está com 93% de ocupação de leitos comuns para Covid-19. São 71 pacientes para 76 leitos disponíveis. A ocupação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e semintensiva para Covid-19 está com 84% de sua ocupação. São 62 pacientes para 74 leitos. Em novembro, o hospital já demonstrava preocupação com a alta de internações, quando possuía 68 pacientes confirmados com Covid-19 internados;

O Hospital Sírio-Libanês tinha 174 pacientes, sendo 47 na UTI nesta segunda (11), o que representa 90% de ocupação da área dedicada ao cuidado destes pacientes. O hospital tem observado aumento no número de pacientes com Covid-19 desde novembro. Em 7 de dezembro, a unidade chegou a acionar o plano de contingência do hospital por causa do pico de procura de pacientes com suspeita de Covid-19 em 48 horas.

O Hospital Santa Catarina tem nesta segunda-feira (11) 62 pacientes internados com Covid-19, ou 20% de sua ocupação. O HSC dispõe ao todo de 310 leitos, sendo 79 de UTIs adulto e 16 pediátrico;

A Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) registra nesta segunda-feira (11) um total de 96 pacientes de Covid-19 internados, sendo 76 pacientes com diagnóstico confirmado e 20 com suspeita da doença. Dos pacientes com diagnóstico confirmado, 37 estão em leitos de UTI e 39 em unidades de internação. Dos pacientes com suspeita, 7 estão em leitos de UTI e 13 em unidades de internação. Do total de 938 leitos existentes na instituição (sendo 198 deles de UTI), a BP disponibiliza no momento cerca de 110 deles para pacientes de Covid-19 (sendo 50 deles de UTI);

O Hospital Nipo-brasileiro tem nesta segunda-feira (11), 37 pacientes internados. Destes, 12 são casos suspeitos de Covid-19 e 25 são casos confirmados. A unidade tem 19 vagas de enfermaria e 18 de UTI. Foram quatro novas internações nas últimas 24 horas e cinco altas. O hospital já teve 1.963 internações desde o início da pandemia.

Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP e mestre em Saúde Pública pela Universidade de Harvard, afirma que a alta nas internações nos hospitais com pacientes com Covid-19 se deve a um fenômeno conhecido de redução das internações durante as festas e do ‘efeito rebote’ posterior, por causa dos encontros nesse período.

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“Sempre há uma redução de internações no Natal e no Ano Novo. Este é um fenômeno já bastante conhecido. O paciente que não está grave, que está com sintomas moderados ou leves, prefere ficar em casa. Quem está internado pede alta precoce e a gente tende a agilizar a alta do paciente e até dar a alta a pedido dele. E o paciente que no dia 25 de dezembro tem condições de esperar atendimento pelos sintomas, ele espera”, explica Sommer.

“Mas depois dos feriados tem um rebote. A queda, então, se justifica por aqueles que não vêm aos hospitais, pelos que a gente dá alta precoce e dos que pedem alta um pouco mais cedo. É um fenômeno esperado”, destaca.

Análises feitas pelo especialista na rede particular confirmam a tendência de sobrecarga na rede. Ele considera os índices de ocupação de UTIs e também de enfermarias.

Cresce o número de pacientes internados nos hospitais particulares de São Paulohttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Festas de Natal

Bittencourt acredita que a alta das internações atual esteja relacionada aos encontros que ocorreram durante o período do Natal. Ele aponta, porém, que o reflexo da contaminação ainda será sentido no sistema de saúde.

“Acho que a maior parte das transmissões serão nas próximas semanas. E sempre é bom lembrar que não é apenas transmissão direta. Por exemplo, em um evento de festa, eu posso pegar o vírus de alguém e levar para a minha família e aí você tem uma segunda infecção como consequência da primeira que foi no evento. O efeito secundário do evento pode acontecer algumas semanas depois.”

Hospitais públicos e particulares de SP estão lotados com pacientes com Covid-19

Sobrecarga do sistema

O problema da elevação contínua dos índices é o risco de colapso do sistema de saúde. De acordo com Bittencourt, vários hospitais privados hoje têm o maior número de pacientes internados com Covid-19 desde julho e agosto, com índices próximos ao da máxima que tiveram em todo o período.

“O sistema hospitalar já está sofrendo sobrecarga. Não está em colapso, mas está em sobrecarga. Temos vagas em UTI que serviam para atender a outras doenças atualmente usadas para Covid-19, alguns lugares reduzindo procedimentos eletivos, ajustando fluxos, há hospitais que estão cancelando tomografias porque tem muitos pacientes com Covid fazendo tomografia, ou cancelando outros procedimentos eletivos e ambulatoriais para conseguir acomodar o aumento do volume de pacientes com Covid que está procurando o atendimento recentemente.” Fonte G1

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